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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Vontade do pecado.



Você está com uma vontade imensa de comer maçã? Você sonhou com aquela em forma de coração, vermelha, tentadora e perfeita.  Dado momento sua vontade virou  desejo estimulado pelo sonho. A maçã do sonho era perfeita então  não pode ser uma simples maçã, tem que ser a  maçã. Aquela dos seus sonhos,  que só de pensar da agua na boca.  Suculenta, carnuda e que quando mordida:  crack!   Lá se foi um pedaço generoso e suculento. Dia seguinte na primeira oportunidade,  mercado,  para comprar a desejada  maçã,  vermelha, sedutora,  apetitosa... Você  até delira enquanto passeia pelo mercado imaginando  tê-la visto na forma de um corpo insinuante  dançando diante dos seus olhos. Sim, você está louco. Só desperta do seu sonho repentino quando alguém lhe olha veio por estar no meio do  caminho impedindo a passagem.  Até que chega na seção de frutas e  lá estão elas. Um  exercito inteiro delas  a disposição. Você louco para  fincar o dente e matar sua vontade parece que nunca viu maçã antes.  Seleciona meia dúzia minuciosamente escolhidas. Sem nenhuma estria, ranhura, ou qualquer imperfeição que possa ofusca-las.  O preço assusta um pouco mas,  não é sempre que bate uma vontade incondicional  que é quase um pecado. Vence a primeira tentação de devorá-la ali mesmo, sem lavar nem nada. Você resiste.  É tentador mas dá para esperar chegar em casa e  lavá-la direitinho. Mas, depois nada impede.   Plaft! Hum, hum, hum! Epa, esta faltando alguma coisa. Meio sem graça. Sem sabor. Outra mordida: plaft! Hum. Nada. Onde está a magia do sonho? O sabor açucarado e suculento?  Sente a frustração e a tentação de provar das outras cinco  buscando o sabor  do sonho. Nada. Neste instante já frustrado você continua comendo, mas com aquela sensação de descontentamento.  O que houve? É maçã, estava bonita, mas o sabor não era nem de sombra o esperado.   Supervalorizamos as coisas até nos sonhos. Imagino que aquele ser  perfeito dos meus devaneios também é uma fraude.  Talvez esta mesura que fazemos das coisas deixa a realidade menos interessante. Fico com a sensação de que o sonho me privou  do prazer exuberante. Como se todo o sabor sentido durante o sonho tivesse esvaziado a realidade. Já ouviu dizer que achamos   o jardim do vizinho  mais bonito que o nosso?  E, é. Não tivemos trabalho não sabemos os detalhes de como foi concebido e visualmente expressa a beleza de outra pessoa o que pra nós  é sempre superior a nossa.  Nossa própria visão da beleza  é tão conhecida aos nossos próprios olhos que  parece sem graça, como quando  se come a própria comida.  Somos ingratos conosco mesmos  ao tentar  satisfazer nossos desejos. Mas, por nada não, já comi maçãs bem  mais gostosas. 

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