Você
está com uma vontade imensa de comer maçã? Você sonhou com aquela em forma de
coração, vermelha, tentadora e perfeita. Dado
momento sua vontade virou desejo estimulado pelo sonho. A maçã do sonho era perfeita então não pode
ser uma simples maçã, tem que ser a maçã. Aquela dos seus sonhos, que só de
pensar da agua na boca. Suculenta,
carnuda e que quando mordida:
crack! Lá se foi um pedaço generoso e suculento. Dia seguinte na primeira oportunidade, mercado, para comprar a desejada maçã, vermelha, sedutora,
apetitosa... Você até delira enquanto
passeia pelo mercado imaginando tê-la visto na forma de um corpo insinuante dançando
diante dos seus olhos. Sim, você está louco. Só desperta do seu sonho repentino
quando alguém lhe olha veio por estar no meio do caminho impedindo a passagem. Até que chega na seção de frutas e lá estão elas. Um exercito inteiro delas a disposição. Você louco para fincar o dente e matar sua vontade parece que nunca viu maçã antes. Seleciona
meia dúzia minuciosamente escolhidas. Sem nenhuma estria, ranhura, ou qualquer
imperfeição que possa ofusca-las. O preço assusta um pouco mas, não é sempre
que bate uma vontade incondicional que é
quase um pecado. Vence a primeira tentação de devorá-la ali mesmo, sem lavar nem nada. Você resiste. É tentador mas dá para esperar chegar em casa e lavá-la direitinho. Mas, depois nada impede. Plaft! Hum, hum, hum! Epa, esta faltando alguma
coisa. Meio sem graça. Sem sabor. Outra mordida: plaft! Hum. Nada. Onde está a
magia do sonho? O sabor açucarado e suculento?
Sente a frustração e a tentação de provar das outras cinco buscando o sabor do sonho. Nada. Neste instante já frustrado você continua comendo, mas com aquela sensação de descontentamento. O que houve? É maçã, estava bonita, mas o
sabor não era nem de sombra o esperado.
Supervalorizamos as coisas até nos sonhos. Imagino que aquele ser perfeito dos meus devaneios também é uma fraude. Talvez esta mesura que fazemos
das coisas deixa a realidade menos interessante. Fico com a sensação de que o sonho me privou do prazer exuberante. Como se todo o sabor sentido durante o sonho tivesse esvaziado a realidade. Já ouviu dizer que achamos o jardim do vizinho mais bonito que o nosso? E, é. Não
tivemos trabalho não sabemos os detalhes de como foi concebido e visualmente
expressa a beleza de outra pessoa o que pra nós é sempre superior a nossa. Nossa própria
visão da beleza é tão conhecida aos
nossos próprios olhos que parece sem graça, como quando se come a própria
comida. Somos ingratos conosco mesmos ao tentar satisfazer nossos desejos. Mas, por nada não, já comi maçãs bem mais gostosas.
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