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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A estória da formiga




No reino da formiga a rotina começava cedo... Cada grupo de trabalho tinha sua designação que era cumprida rigorosamente todos os dias. E o formigueiro  crescia e as formigas continuavam  a trabalhar incessantemente. Não tinha lazer não tinha tempo de sobra embora o formigueiro estivesse cada vez maior com mais formigas para trabalhar nada parecia mudar. As mais velhas já cansadas não ousavam reclamar embora em seus pensamentos questionassem. Era evidente que havia algo errado. Com o formigueiro em expansão e maior numero de trabalhadores as coisas deveriam estar bem melhor. Os armazéns não estavam mais abastados e nem o formigueiro parecia mais desenvolvido. Os alardes ocultos dos mais velhos começaram a se tornar entre  burburinhos o assunto do dia, do mês...  Os mais ousados que se atreviam a fazer comentários eram evitados, não que não fossem ignorados pelos outros é que todos  temiam falar abertamente. Um dia, porém apareceu uma formiga entre aqueles que tinham poder e revelou que parte do dinheiro do formigueiro estava sendo usado de modo injusto para benefício próprio. Esta notícia caiu como um refrigério para o formigueiro cansado de tanto trabalhar. Seus clamores haviam sido atendidos,  enfim uma formiga justa para brigar pelos seus direitos... E a cada nova denúncia, pois como num efeito cascata, novos corruptos foram surgindo, o povo aclamava a formiga justa. Cartazes enalteciam seus feitos, o seu nome perpetuava na mídia como o salvador do formigueiro. Por causa das suas investidas as formigas mais velhas foram beneficiadas com menos trabalho e os mais jovens começaram a ter mais tempo para cuidar da sua vida. Grandes feitos começaram a melhorar a  vida no formigueiro num geral. Por onde passava a formiga justa era enobrecida com aplausos e coros gritando seu nome. Não demorou muito para de formiga justa ser aclamado como justiceiro. Pois, suas descobertas foram cada vez mais engendrando os corruptos que foram aparecendo como flor na primavera. E tudo que fazia o povo aplaudia. Meios escusos usados ? Não importava, o que importava era a justiça. Que a justiça seja feita, gritava o povo.
  Anos a frente quando todos as ramificações do crime tinham sido removidas pairou uma calmaria no formigueiro. O justiceiro passou de ser notado como benfeitor. Não que caiu no esquecimento mas já não havia motivos para aclamações numa sociedade onde tudo está funcionando bem. O justiceiro, todavia começou sentir um vazio, uma necessidade de ser ovacionado como em tempos idos. Sentiu que sua vida perdera o sentido, algo naqueles clamores o faziam se sentir importante, vivo, poderoso.  Ele era o libertador do seu povo e no entanto o povo  era ingrato. Precisava acontecer algo novo para que voltasse aos bons tempos.... E começou a confabular com seus botões se não havia corruptos escondido numa carapaça de bons moços. Um conhecido comerciante da cidade que muito aparecia na mídia por conta do seu restaurante muito bem frequentado chamou atenção do justiceiro. Deve ser corrupto. Aí, esta a grande oportunidade de fazer meu nome subir as alturas novamente. Pediu para  bloquearem o telefone do conhecido comerciante e durante meses sua vida foi vasculhada. Descobriu-se que tinha uma amante, uma não 3, mas suas contas pareciam justa, nada que indicasse corrupção. Mas, o justiceiro precisava da mídia, não podia viver na obscuridade e resolveu que mostraria ao povo que o conhecido comerciante não era tão bom assim.  Ah, seu justiceiro, justiça demais para pecados de menos.

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