Juvelino tinha um dom de saber o que as pessoas pensavam. Não exatamente o que pensavam. Mas conseguia definir exatamente quando alguém estava mentindo, quando alguém estava sendo desonesto ou quando fazia um comentário sem ser exatamente o que pensava. Quando criança as primeiras percepções não lhe causavam nenhum impacto. Achava que aquilo era normal. Quando todos diziam que determinada pessoa era honesta e Juvelino sentia aquela sensação estranha... Logo sabia que havia algo errado...Já na adolescência isso passou em branco por causa de seus muitos afazeres. Vez ou outra quando algo estava muito errado.. sua sensibilidade lhe atormentava constantemente. Mas ele simplesmente ignorava.
Já adulto aquilo se tornou algo apurado e pesaroso.. Era horrível saber quando um elogio era falso ou quando alguém estava mentindo e isso, fez com que ele se isolasse. Preferia estar sózinho em detrimento da convivência com as pessoas. Desejou ardentemente ser uma pessoa comum. Não ligava se alguma mentira fosse vista como verdade. Já que a maioria das pessoas usava deste subterfúgio como forma de conseguir o que desejavam.. E saber o que as pessoas pensam na maioria das vezes é desagradável, dizia.
Quando fez 30 anos decidiu ser uma pessoa comum o que era difícil porque aquela sensação estranha sempre lhe atormentava. Com o tempo porém, com muito esforço, conseguiu ver aquelas sensações como um desajuste a ser evitado e quando ela vinha ele logo dava um jeito de pensar em outras coisas pra não permitir que aquilo o pertubasse além da conta. Com o tempo conseguiu malograr sua própria percepção. Decidiu que era um desajuste e o que chamam de dom pode muito bem ser uma doença. Afinal no mundo onde as pessoas são individualistas e procuram sua própria satisfação. Ter o dom de saber o que as pessoas pensam só pode ser um castigo...
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