Temos uma forma
peculiar de reverenciar a beleza. Aquilo que achamos belo é formalizado pelos olhos,
mas também pelo que aprendemos sobre o que é belo. Sim, a mídia nos impõe um padrão que por sua vez tratamos de
estabelecê-los a nós e a quem nossos olhos alcançam.
Ela não era
o tipo de mulher: oh! Nem era o tipo que enchia os olhos... Não daqueles que arrebatam
a atenção e fazem tudo mais ser preterido.
Mas, chamava atenção. Era grande para uma mulher. O seu vestido colorido de cor exuberante que estendia até as canelas era um chamariz para
os olhos como se implorassem: olhem pra mim. Um pouco acima do peso senão muito mantinha
uma graça única que se, seus olhos contrariassem
os moldes de beleza e se permitissem, veria ali formosura. Um rosto jovem sem
maquilagem não escondia sofrimento mas não
ofuscava traços delicados que eram incompatíveis com a tatuagem
distendida do pulso até o cotovelo com o nome de alguém que indicava a maternidade. Vasta e abundante talvez não causasse o delírio
daqueles que cultivam no corpo seus pecados ocultos, mas havia uma beleza platônica
destas que a parte do desejo não se estabelece. O pouco
cabelo rebelde estava contido por um laço comum que mostrava sua origem humilde
e se ainda assim não claro para um observador comum, o chinelo de dedos com um número inferior ao
de costume não deixava dúvidas. Apesar dos pesares, ali havia uma excentricidade interessante que
tentava dizer alguma coisa, não identificada, a quem por alguma razão, quisesse
olhar. Talvez a combinação do belo e do exótico ou
talvez o fato da altura com o corpo avantajado, mas simétrico, concomitante com
o rosto pueril e dócil...
É inegável a força da mídia para estabelecer
padrões de comportamento e beleza. E se por
um lado esta força é imperativa, as vezes por um olhar mais apurado
e desinteressado acabamos descobrindo que há beleza e belezas que representam a
formosura além daquela que esbarramos boquiabertos. Estas nos fazem pensar e até
admitir que a beleza vai além da imaginária etiqueta estampada: rótulo: beleza.
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