Olho minha imagem refletida e estranho
Chocado desejo que desvaneça.
Há um engano nos traços delineados pelos anos
Que faz que a imagem refletida não reconheça.
A juventude representa um dolo
Aos anos que se perderam no tempo fraudulento
Ao olhar a imagem daquele ser estranho
Aquilo que eu sou não reconheço.
A imagem diz menos do que desejamos
E o que sou ali refletido é menos
Na revelação dos meus desenganos
Revelando aquilo que não vejo.
Procuro naquela imagem encontrar
Parte do que vejo com olhos vencidos
Noutro caso desejaria retocar
Defeitos que prefiro escondidos
As marcas do tempo causam amargura
Quando confrontados num momento que a flagra
O tempo traz desacertada impostura
Que quando se vê nunca agrada.
Naquele momento sinto-me pequeno
No ato de se confrontar com o espelho
Interpretando com se fosse num quadro
Faz a vida pior que num retrato.
Os anos da juventude fugiram
quando parte de mim se foi eu fico
Metade foi-se com o que não admito
Metade pelo tempo sucumbido
Não é a juventude que se perde
Expressa numa imagem desfigurada
É a vida cavalgante que remete
Refletida na imagem desgastada.
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