A sala estava repleta de sapatos espalhados
pelo chão. Passariam desapercebidos, mas quando se começa tropeçar neles alguma
coisa no seu subconsciente diz que você precisa organizar. Cinco pares de sapato, um para cada dia
da semana, todos ali jogados. Um absurdo. Tanta bagunça nao seria de estranhar que, se ao abrir a sapateira me deparasse com os olhos de um roedor assustado, tão assustado quanto eu pela surpresa do encontro indesejado. Ele no afã de sair dali pularia instintivamente a procura da fuga e eu com o mesmo instinto tentando me desvencilhar dele. Depois do susto inicial, talvez depois achasse graça do ocorrido. Nao antes de praguejar aquele animalzinho desprezível. Esta é uma cena de ficção, nao aconteceu. Mas duvido muito que alguém já não tenha vivido cena semelhante verdadeiramente. Um rato lhe daria um tremendo susto, mas é pouco provável que lhe atacasse. mas o que dizer de uma aranha altamente venenosa. Você certamente ficaria em apuros. Só sentiria a picada e depois veria as consequências por intermédio da dor e seus efeito. Agradeci aos céus. Ainda que hipoteticamente eu poderia realmente me deparar com um rato ou pior uma aranha, menos provável, mas, ainda possível, um animal peçonhento. Já vi noticias em que o camarada vai colocar o sapato e sente aquela dor excruciante, fruto de uma picada de um hospede indesejável que se alojou no seu sapato.
Um ato simples como guardar ou colocar um sapato pode terminar em tragédia. A vida é cheia de surpresas com um desfecho nem sempre positivo. Você pode planejar ir a padaria e não voltar pra casa. São muitos desfechos prováveis e improváveis. "Porque não é do homem que anda dirigir os seus passos..." Os imprevistos são imprevisíveis. Parece engraçado, mas, é assim. Ouvi muitas histórias de pessoas que saíram para comprar cigarros e nunca mais foram vistos. Ou alguém que intencionava ir ali na esquina e sofreu um grave acidente. Ressoa em meus ouvidos palavras de alguém dizendo: Vou ali e já volto. E nunca mais voltar. Enquanto pensava, lembrei do caso da menina que foi passar férias numa região praiana. Aquilo tinha sido planejado meses a fio, era aguardado com ansiedade, e quando chegou o momento da diversão, foi atacada por um tubarão.
Uma pessoa que sai de casa atrasada, já desesperada pensando na quantidade de trabalho que tem para fazer, assombrada, considerando que seus atrasos podem terminar em demissão. Perdida em seus pensamentos inquietantes. Quando do nada um motorista maluco, invade o ponto de ônibus onde ela estava e põe ponto final a qualquer pensamento. Vai entender. Parece sinistro. Sei, parece. Mas é tão estranho como não temos controle
do tempo adiante, segundos, minutos e horas; Tudo uma incógnita. Realmente o
futuro não nos pertence. Maldito rato que nem existiu e que fez eu pensar tanta bobagem. Nossa, preciso arrumar esta bagunça.