Carência. Quando ouço esta
palavra é inevitável não pensar em
necessidade de carinho, atenção e amor. Se perguntando para qualquer pessoa se prefere
amar ou ser amado, embora num dilema, suponho que inevitavelmente responderiam ser amado.
Quando se ama e não é correspondido fica-se com uma sensação de desvalor que quer dizer que seus sentimentos não são
valorizados na medida proporcionalmente
equivalente ao que sente, e, isso não raro causa uma sensação de pequenicidade
e de inutilidade. É como se ofertasse algo valioso e em retribuição fosse esnobado, rejeitado como se não
tivesse valor algum. Já se é amado você recebe todo o suprassumo que uma pessoa possa lhe oferecer. Isso envolve
tempo, atenção, carinho... É como se tivesse a sua disposição uma fonte inesgotável e exclusiva de amor unicamente para você. Ainda que não correspondido é preferido ser amado a amar? Imagine que você tenha uma quantidade de
dinheiro a sua disposição mas, não
deseja usá-lo. Isso não é bem melhor do que se não tivesse? Ser amado é como se tivesse este dinheiro.
Existe uma pré disposição generosa de oferta que é genuína e você tem acesso quando quiser. Por
essência muito melhor e ser amado e mais enaltecedor já que se é amado é
querido, é desejado e quando se sabe que tem alguém que se importa de verdade com você sem nenhum outro interesse em troca, esta energia por si só causa-lhe um bem estar que funciona como agua para uma planta ressecada.
A carência tem também a
característica de nos deixar vulnerável sem o devido senso crítico para boas
escolhas e sem perspicácia para saber quando algo não é bom para nós. Como se tivéssemos
consciência de nossa incoerência, mas não tivéssemos a força necessária para
darmos um basta. Entramos num dilema pessoal do melhor com ele do que sem ele,
e vamos aceitando as migalhas que nos é
oferecida. Pergunte a um carente se ele é carente, certamente dirá que não. Porque
assumir seu estado significa que você não se valoriza, que não tem ninguém que lhe dê importância e
que é uma pessoa inconveniente. A carência
é uma desnutrição emocional que se não sanada vai levá-lo a pegar qualquer resto de comida para matar sua fome e quanto mais fome menos seleto e quanto menos
seleto, menos valor tem. Muitas vezes o carente se comporta como se fosse um
cavalo alazão flertando ares que não pode sustentar porque a mínima atenção é vista
como uma super atenção e em seu estado o mínimo de atenção a torna vulnerável o
que é facilmente notado exatamente por quem no final das contas acaba lhe
deixando ainda pior. Se você comparar a carência a um animal ela seria um
cachorro doméstico. Você xinga o pobrezinho, maltrata, deixa sem comida mas
basta uma palavra dócil para que ele venha aos seus pés abanando o rabo.
Você não é um
cachorrinho, né?
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