someone lyke you

terça-feira, 6 de setembro de 2016

IRMÃO




Hoje faz alguns dias que uma vida se foi. Era alguém de suma importância ... Na vida de alguém. Tinha filhos, tinha ex mulher,  tinha muitos problemas pessoais e muitos vícios. Este último  contribuiu muito para o que culminou na sua desencarnação. Não podemos definir nosso trajeto de vida, mas uma vez que nosso comportamento começa capengar  para  lado  errado   presumimos que chegaremos onde nossas inclinações nos levaram. Claro que impossível não considerar que os imprevistos, as intempéries e outros acontecimentos  ajudam completar nosso destino. A palavra destino me parece tão incerta já que  a ideia de destino é predestinação.  Acredito que nossas crenças fazem-nos céticos quanto a outras  saídas senão o destino.  Temos nossos dogmas, convicções e crenças que influenciam a forma que encaramos o destino mas, me parece tão injusto que nossa história esteja previamente traçada, como que  manipulados  sem termos o  direito de exercer o livre arbítrio - Se bem que até nossa  liberdade é cerceada por nossas ambições, vícios, fraquezas,  amores, promiscuidade só para citar algumas e estas influenciam bem mais do que o que  chamam destino e  estes nos tiram da rota de um caminho   promissor. Queria tanto dizer que ele foi um bom homem, mas torço o nariz ao tentar encontrar uma forma justa  de descrevê-lo. Talvez mais severo que Deus, endureço minha cerviz e reconheço minha  insignificância.  Posso dizer que foi um bom irmão enquanto seus demônios não o atormentavam, chamo demônios todos aqueles que o aprisionavam e  sufocavam sua personalidade original. Lembro-me de tantas e tantas vezes que juntos fazíamos coisas bem legais  como quando nas rodas de samba que eram divertidas, os jogos que me orgulhava de vê-lo jogar entre outras.  Hoje me pergunto o que foi que nos afastou... Orgulho, diferenças pessoais motivadas por conclusões erradas e infames ou a quebra de algum mandamento que deveria honrar os irmãos?  Sei que fui um péssimo irmão e  pior do que  se podia esperar. Agiria ele tão infamemente como eu? Duvido. Ele tinha um coração leve, uma mente mais amistosa, um coração mais cordial. Talvez por não poder fazer uma homenagem decente  sinto que deveria me remir ao  silencio absoluto abstraindo desta dor invisível que me  cobra aquilo que não fiz  quando se fazia  necessário por falta de sentimento, de urgência, de visão e principalmente pela descrença de que ele era apenas um ser mortal imperfeito e que como tal vítima das próprias imperfeições. Infelizmente é na morte que encontramos remissão dos pecados e que nos tornamos puro novamente como deveria ser. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário