someone lyke you

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O viés da ferida





A boca vai de encontro ao
Fruto maduro e doce
E este encontro guloso
Tem seqüelas ..
 em gotas
O liquido jaz na pinguela.

Vermelho como sangue cai
Confundindo seu espectador
E o som do gotejar visto a olhos nu
Traz lembranças de algo incomum.

Sangue é vida, da vida dada
 pelo fruto doce alimentada.
Vida doce  num doce apetecer
Ao que aos olhos pode transparecer

Tantos gotejares  em tantos momentos
Que faz qualquer momento um reencontro
De momentos que vivemos e imaginamos
Que um simples momento é o momento que estamos.

Tão pueril como um gotejar
De uma fruta com os dentes encontrar
Poderia ser um momento trágico
Transformando um doce num  amargo.

E quantas bocas desmistificam
O Canto no momento da  mordida.
E quão harmônico pode ser
O gotejar no mesmo momento
Do som a retaliar o pensamento.

O vermelho visto aos olhos
Pulsando marcando como relógio
A tessitura destilada da vida
Marcado num compasso o viés da ferida.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Lembrança afetiva.





Passava numa rua que me fez lembrar a infância. No canteiro central de umas das ruas que dava acesso as casas... vi o despertar do  passado no presente  em forma de flores:  um canteiro simplesinho dispunha  as mesmas flores no mesmo formato  do meu jardim do passado.   Remetido há pelo 20 anos atrás quando ainda era criança,  vislumbrei tão nitidamente o ambiente dos tempos ido. Foi um despertar tão real que as lembranças que estavam no recôndito da memória abriram-se como se um portal me convidasse a entrar.      É forte a forma como este despertar se aloja baseado numa cena presente que pela semelhança retrocede o tempo além do imaginável. E a restauração de momentos tão insípidos porque rotineiros que eram passaram sem a menor expressão,  mas que agora à tona,  faz com que tornem-se tão valiosos. 

Aproveitando o gancho expandi voluntariamente a viagem para resgatar outros momentos como quando enfiava um pedaço de caule de capim num buraco de formiga para alçar uma colada pelo  ferrão  na ponta da haste. Perdia horas esperando que alguma caísse na minha armadilha infantil.

 Hoje atribulado pelos afazeres quase não se dá importância aos legados do passado. Só quando surpreendentemente se depara com uma cena que de tão semelhante ao já vivido causa esta ruptura no tempo espaço.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Tudo acaba





Se parar para pensar somos como uma garrafa de coca cola... A cada gole dado a cada copo que enchemos ele está mais perto do fim. Até que um dia não há mais nada. Acabou. 

Nossa vida é assim. A cada dia  vivido estamos mais próximos do fim. Só que quem,  aproveitando a analogia, bebe-nos  em goles, é o tempo.  Mas, não só isso.. Compramos um celular novinho e passado algum tempo já sentimos necessidade de outro.. Ele estragou? Não. O que houve foi que ficou desatualizado, há tecnologias nos modelos novos que o nosso não tem.  Então o melhor a fazer é trocar. 

Sapato acaba também. Alguns meses de uso, sendo otimista anos e logo, você mudou seu estilo e  achou melhor substituí-lo por algo mais fashion. Nem preciso mencionar os perecíveis que se descuidarmos temos que jogar fora  por passarem da data de validade. 

E a agua? A santa água.  Esta que somos tão dependentes... Utilizamos mal mas ela esta sempre presente em nossas vidas. Agua acaba?

Agora vamos partir para o campo emocional...  Amor, acaba? Pelo menos como amamos, sim. Embora neste item exista  controvérsias. Amor talvez seja o mais resiliente de todos os sentimentos, não este que causa tanta confusão entre homens e mulheres, as outras formas de amar.   

A ideia principal é, se nós seres pensantes deixamos de existir individualmente tudo acaba, mas a continuidade do mundo ainda é uma incógnita. Se por um lado temos os catastróficos nos alertando sobre os possíveis finais do mundo ha os religiosos esperando  a interferência divina quando o homem descomedido estiver ocupado demais para pensar nas consequências  dos seus atos.

 Sim, tudo acaba...Nossas ambições, nossos sonhos, nossa história. Nossa história, já que o que hoje é história pode ser manipulado ao bel prazer daquele que dá sua retórica.  Não seria de espantar se a frente estivermos cometendo os mesmos erros que hoje tanto condenamos. Quem sabe até questionando fatos históricos alegando que lá não estivemos para provar ser verdade.   Pensando assim será que moral acaba? Acaba.  Basta que deixemos de dar valor ao que hoje consideramos importante movidos pela onda louca do modernismo.

 Nos seres humanos criamos histórias morais com o intuito de ensinar nossos filhos valores, criamos leis que supostamente deveriam ser soberanas, se não fosse  nossas próprias artimanhas de querer burlá-las.  Não nos deixa mentir os próprios  doutores da lei que deveriam fazê-la valer mas, a adulteram visando seus próprios interesses. 


 Por fim, afirmamos  que nossa confiança também acaba. Acreditávamos na justiça, acreditávamos que homens podiam deixar sua ambição para tornarem nossa vida melhor. Que política era um jogo jogado, mas limpo.  Acreditávamos até que as pessoas que elegemos para defender nossos interesses nos defenderiam. E  acreditávamos que as leis eram para todos, háha. Como somos ingênuos.

 E pensar que quando crianças víamos aqueles personagens na TV, bem vestidos falando bonito e os dissociávamos daqueles homens que tínhamos medo. Acreditávamos que eles que eram os mocinhos. Enfim, acreditávamos até em mocinhos. Para explicar: Mocinho era aquele cara que fazia as coisas certas e que tínhamos admiração.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Enquanto um ama o outro engana







Ajoelhou  em solo ditoso
Onde há vida e  tudo é mais gostoso
Encurralado por seus vícios.
O ego inflado o faz submisso.

Verdade que quer esconder.
Na luz alva do amanhecer
Tamanho desplante fechar o ouvido
No som estrondoso abafar o estampido

Falácias, demandas, desejos
Onde termina o limite do beijo
Vigiando quem também vigia
Abrindo o peito  e o expondo  a feridas.

Movimenta as mãos pra ocultar o rosto
Falsa verdade oculta o mentiroso.
Falta-lhe alicerce : a sinceridade.
Ameia o desejo cultuando maldade.

Ela é descabida em amar
Fecha os olhos e começa a sonhar
Sonhos românticos e pueris
Flerta com o medo em   devaneios febris.

Ele se arranja  no  desmentido
Ela anseia o compromisso
Ele permanece em  trevas
Ela doravante piegas

Os sonhos se digladiando 
Ele diz o céu mas esta dissimulando
Ela olha pro céu e vê o paraíso.
De muita fé lhe falta o juízo.

Verdades nem sempre honestas
Mentiras quase sempre serestas
Desejos quase sempre meninos
Um guia que esconde o guiso.

Escutem os  burburinhos
Qual será o desfecho do vaticínio?
De fantasias que podem matar
Nos desmandos de um  dia secular


Que declara seu amor ao sol
Que vislumbra o  arrebol
Estão tão distantes
Como é o dia em noite torturante.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Ainda lembro de Ti.







Sim, confesso,  ainda repercute  sua voz
Não sei que diacho aconteceu comigo
Eu que  sempre fui bem resolvido
Bambeei diante da sua ausência atroz

Fiquei bobo, sou louco ou  sou fraco?
Dias posteriores me perguntava.
Como em pé pode-se sentir  num buraco?
Quando notei que sem você eu naufragava

Foi de fato impactante que fiquei sem rumo.
Pensando que talvez fosse o fim do mundo.
Mas, não era. Não podia ser.
Não inteiramente. Só porque perdi você.

As vezes as lágrimas produzem esperança.
E  desta vez não chorei o orgulho me manteve
E confesso estava cansado de tanta ânsia.
Que o coração conflitava com a mente.

É difícil esquecer embora já esquecido
A mulher que para tu foi algo inesquecível.
Que fez você amar quando não esperava
Que fez você sonhar enquanto acordava.

O que havia em   você que me desbancava?
Até quando não queria você me embaraçava
Suas palavras pareciam que me confundiam
Paralisava e  meus dilemas  não fluíam

Aquilo que almejava parecia cada vez mais distante
Você era um troféu empoeirado na estante.
Não podia  tocar beijar e muito menos sonhar.
E suas  palavras batucavam:  um dia vai dar.

 Perdi quando não quis mais te ouvir
Quando resolvi que seu ímã já não imantava
Finalmente parei de deixar-me retroagir.
Quando  achavas que me dominava.

 Talvez seja coisa da minha cabeça
Não dizem que ao ingênuo cabe sua sentença?
Por querer amar sem dilemas e sem nós.
Quando o amor que unia perde a  voz.


Ainda lembro de ti. Como  estás?
Era  bom esperar  ansiar  e ver  a noite passar.
Ali deitado sem estrelas, sem eira e nem beira.
Era bom te namorar mas era tão ruim não vê-la.