Olho aquele velhinho arcado já pelo peso da idade, andando
lentamente, lentamente....Parece tão frágil e parece tão digno de compaixão..
Que errado, penso. Não deveríamos ter pena das pessoas. Mas, algo naquela
pessoa despertou este sentimento. Dizem que cada pessoa tem a vida que merece.
Não, não concordo com isso. Mas, me incomoda quando a piedade por alguém
desponta sem argumentos. Voltasse no passado e pudesse constatar que tipo de
pessoa aquele homem foi quando jovem talvez hoje o sentimento de piedade que me
tomou de súbito, se transformasse em
raiva. Péssimo marido, pai, filho. Sem coração para as pessoas que trabalhavam
com ele. Parece que a dignidade esvai-se se nosso comportamento é tacanho,
minimizado e causamos mais ódio do que afeição. Fico a pensar nas pequenas
crianças que assim que as vemos tão desenquadradas do que chamamos natural.
Sim, suja, maltrapilha... Logo nos bate em comoção, um sentimento de piedade.
Se retrocedêssemos no tempo
constataríamos o que exatamente? Pais negligentes, pobres, sem condição de
sobrevivência. E se avançássemos no
tempo? Sob estas condições certamente não prognosticaríamos boas coisas para
este pequeno. Tem um texto bíblico que diz que o homem bom tira do tesouro bom
coisas boas... e o mal o oposto. Qual o processo para um homem mal se
transformar num homem bom? Como identificar alguém que aparentemente indica ser
bom mas no fundo nutre um espírito iníquo?
Pensando que um homem bom tira do tesouro bom coisas boas, pode-se dizer
que quando alguém mal se aproxima é porque não somos bons? Porque será que certas pessoas sempre atraem um tipo de
pessoa que não adequadas para elas? E
fazem da sua vida já rastejante algo
ainda pior. Drástico? Fantasioso? Não se olharmos pela janela do passado
e vermos que a educação familiar e o comportamento dos seus membros afetam como
somos. Um pai amoroso, alegre e divertido incute nos filhos a familiaridade com
estes. Já um pai ranzinza, mau humorado influencia igualmente. Se a família
costuma ter uma vida social que granjeia a integração com outros
familiares, naturalmente isto também
será introduzido como algo bom nos filhos. Geraram boas lembranças e serão inseridos na
sua vida posteriormente.
É bom fazermos uma reflexão de como nossos olhos olham as
pessoas... Aprendemos com a desconfiança porque sabemos que estranhos são
desconhecidos que devem ser tratados com cautela... mas adiante nossos olhos
criam seu próprio crivo de julgamento. Um velhinho, uma criança rota, uma
mulher bela, um homem mal encarado. Nossos olhos talvez não sejam bons juízes.
E nossa cabeça é? Não. Se nossos sonhos são fantasiosos demais, se vivemos num
mundo colorido demais, se somos criveis demais. Sim, parece complicado demais. Mais não é. O tempo
é bom juiz e se a desconfiança é uma precaução deveríamos usa-la de forma a protegermos nossa dignidade,
valores, costumes...E vida.
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