Se nossos pensamentos fossem
traduzidos em palavras seríamos animais. Tudo bem que eles não pensam, mas
seria tanta barbaridade. Seríamos o átrio,
latrinas não limpas. Cobiçosos, ambiciosos,
odiosos, desejosos, desrespeitosos... Seríamos o estupor da sociedade secreta dos pensamentos
uivantes. Mas, graças que nossos pensamentos só conspiram em silêncio dentro de
nossas cabeças sujas. O medo é nosso maior aliado em prol de bocas
fechadas ou temos realmente bom senso? - "Não vou falar isso, vai que ela não
gosta e ainda me meto em encrencas..." Ou: Não, não gostaria de ouvir palavras sediciosas
então não vou falar o que não gostaria de ouvir. Se o que tenho para falar pode
não ser bem aceito. Aí caímos num outro terreno: o da aceitação. Se o outro gosta do que falamos,
ufa, respiramos aliviados. E se não? Estamos em apuros. Somos de uma linha de montagem
pecaminosa. Tudo que vem de nós tem cheiro de mesquinharia, de aparência que queremos integra : Eis nossa santa razão que nos poda e nos civiliza. Imagina como seria cruel se nos desnudássemos
do nosso autocontrole e disparássemos a falar como alguém que tem síndrome de Tourette? Aquela menina tímida poderia
assustar se seus pensamentos ocultos saíssem faceis pela sua boca imaculada. E
você que segurou tantas vezes aquele palavrão em nome da boa reputação; em nome
do engolir a seco para não estragar tudo. Dá pra imaginar no campo sexual como
seria? Aquela beldade que faz dos meus pensamentos gato e sapato... E aquele
garotão que inala virilidade sob o alvo das bocas das fêmeas predadoras e das não
predadoras. Certamente que se assim fosse criaríamos um
dispositivo para trancafiar nossa língua. Um fecho éclair para conter nossas
maledicências. Daríamos um jeito de fazer o que o bom senso já faz. Amem.
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