Recrimino-me quando não compreendo e não sou compreendido
Quando deveria e não sou distinto
Recrimino-me quando sou insensato
E meus instintos
fazem de mim gato e sapato
Recrimino-me quando sou insensível
Quando falo o que não vivo
Recrimino-me quando deveriam chamar-me atenção
E na minha cabeça passam a mão.
Quando minha ação antecede a razão
E isso resulta em decepção.
Recrimino-me quando confio na sorte
E a apatia é meu
baluarte
Quando decepciono quem em mim confia
Por não conter o mal que em mim habita
Recrimino-me quanto deveria escutar
E os desígnios do meu coração não deixar a boca falar
Quando falam e não escuto
Por achar que estou certo em tudo
Quando me deixo levar pelo egoísmo
E vou além do precipício
Quando não tenho empatia
E vou além do que jamais imaginei um dia.
Quando magôo a quem
espero compreensão
Com ferinas observações
Quando julgo os outros pelos meus olhos
E suas grandezas por
minhas observações encolho.
Quando faço das minhas observações
Pedra de tropeço para outros corações.
Recrimino-me por fazer chorar
A quem de bom grado só quer me amar.
Recrimino-me por ser carnal
Por aprisionar o bem
e exaltar o mal.
Porque não te dou o
devido valor
Mesmo sabendo que isto expressaria amor.
Quando penalizo a compaixão
Para não deixar brilhar a emoção.
Recrimino quando meus olhos vão além do querer
Reduzindo virtudes, princípios e valores a mero prazer
Ou quando menosprezo o que aos outros é importante
Porque meu mundo gira em torno do inconstante.
Recrimino-me quando minha obsessão
Deturpa o que em mim é
bom.
Recrimino-me quando me ocupo de quem não precisa
E a quem preciso deixo a míngua.
Recrimino por fazer-me cego
Diante de quem me causa medo.
Recrimino-me por saber que diante de tantas coisas poderia
agir diferente
Mas fico inerte, letárgico, acomodado, indiferente.
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