Sim, sou um réu confesso. Matei meu orgulho quando achei que
era necessário. Depois matei minha vontade própria porque esta dificultava
fazer amigos. Depois virei um killer.
Matei minha paciência, tolerância, bondade... A sociedade moderna vai virando
sua cabeça e quando menos espera, você é um
exterminador sem causa. Matei minha
inocência porque só me trazia dissabores. Matei minha disciplina. Brincadeira esta matei
não. Esta, nunca tive. E continuei matando. Matei minha vergonha porque esta
precisava morrer mesmo. Matei minha iniciativa porque fala sério, bati a cara em
tantas portas que já estava até ficando
com cara de porta. Matei alguns valores, eles eram valorosos, mas cá pra nós,
tava difícil valorizarem e quando comecei a parecer estranho eliminei-os. Foram tantos que perdi a conta.
Agora SIM, agora estou do jeito que a sociedade gosta, patético. Não tenho mais
nada que me distinguia dos demais. Daquilo que me fazia único. Sou o típico homem formatado aos moldes da lei
e ordem estabelecida. Um típico bom cidadão pagador de impostos. Circundado por
projetos arquitetônicos monumentais que visam a maior aglomeração possível no
mínimo espaço. Não uma ilha
porque temos problemas de escassez de água. Amotinado entre seres ardilosos,
mas com ardis camuflados para que gerem suspeitas mas nunca venham a tona. Sim,
hoje não represento perigo, embora seja réu confesso. Réu confesso, meio que
um zumbi, fazendo o que gostam, comendo o que recomendam, mesmo que o
recomendado um dia faça bem e noutro mal.
Arrastado pelas ondas da publicidade e seus interesses. Interesses que
como tsunami arrastam tudo a sua frente.
Vivemos na era do velho e bom poder maquilado de tantas formas e com tantos pressupostos
que de tão desorientados continuamos a matar nosso valores. As informações que nos chegam são desleais, são
desfiguradas com o único propósito de continuarmos cabra cegas, colhendo migalhas de informações
convenientes a quem as publicam. Faça isso porque isso é bom. É bom para meu
bolso mas é ruim para sua saúde, seria mais justo. Mas vivemos das migalhas das
conveniências e padecendo pelas consequências de acatarmos cegamente o que nos
afirmaram ser bom. Um homem perfeito para os governantes. Se, apitam eu danço e se fazem psiu me calo.
Porque se não mato eu morro.
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