Aquilo que não entendemos será
sempre uma lacuna incomoda e difícil de aceitar. Afinal somos seres pensantes. Tudo
tem que ter lógica, sentido. Lacunas abertas são sinônimo de incompetência. Conseguimos explicação lógica
para cada diagrama, mistério e enigmas que o tempo colocou a nossa frente: descobrimos
que a terra tem 4,5 bilhões de anos,
qual a velocidade da luz e suas
diversas formas e uma infinidade indescritível de coisas. Damos sentido, a
origem da vida, desmistificamos o que nossos antepassados atribuíam a forças divinas superiores. Parece que nossa mente está desafiadoramente
quebrando espectros sem apoio científico. Isso tem elevado o homem a descobertas
cada vez mais significantes dando respaldo satisfatório para sua lógica. Pra tudo precisamos de lógica, assim como na
ciência, lacunas não são permitidas no nosso cotidiano e no trato com outros. Se, tropeçamos numa cômoda em nossas casas, logo
damos um jeito de mudá-la de lugar porque como para você, ela será um obstáculo para outros que ali frequentam.
Pensando nisso, óbvio que adotamos posições simétricas e seguras para nossa
comodidade. No trato com outros não é
diferente. Nossa mente racional está ali para dar sentido as coisas.. Assim, se
a pessoa nos olha feio, entendemos que estamos desagradando, se um desconhecido
nos dá um sorriso, entendemos que é amistoso, Se a pessoa é sempre grossa
quando se dirige a nós, entendemos que ela é assim com todos. E a cada situação
que nos é familiar damos um sentido segundo aquilo que vivenciamos. Claro que
isto nos resguarda e nos orienta dando sinal verde a situações favoráveis,
amarelo aos que desconhecemos e vermelho para aqueles que não aceitamos. Natural
que torçamos o nariz para o desconhecido. Diante do desconhecido ficamos retraídos,
seja um ambiente, seja uma pessoa, seja um alimento. Aprendemos ao longo do
tempo que precisamos de cautela ao lhe dar com o desconhecido. Cautela que nos
assegura de não nos darmos mal. Mas, nem
tudo é um mar de rosas quando nossas teorias avançam indiscriminadamente dando
lógica a tudo. Sim, podemos errar. É difícil, por exemplo, não julgarmos uma
situação inusitada com suspeita como uma transgressão. Logo se pensamos numa mulher cercada por um
monte de homens, pensaremos se dentre
eles não há quem não queira mais que uma relação de trabalho, e por
conseguinte duvidaremos da índole dela. E quanto mais lacunas abertas houver
mais teremos certeza que aquele nosso pensamento estava correto. Então, nestes termos o que era uma suspeita
passa ser fato, um fato incomodo. Porque certeza, certeza mesmo não temos
mas as evidências estão ali para nos assegurar apesar de uma pequena margem
de dúvidas. Isso porque conhecemos a natureza humana, sabemos que homens
flertam com mulheres e sabemos que mulheres cedem quando encantadas, e, que
embora talvez tenham compromissos com outras pessoas, termos presenciado e constado, ao longo da
vida, tantos casos que acontecem,
terminando eles em tragédias ou não, que simplesmente não dá para não pensarmos na
viabilidade dos fatos. Então o que fazemos? Entregamos esta pequena margem de
erros à intuição. De fato, nossa natureza desvendadora acaba nos seios da
intuição que muitos nem acreditam que
tenha alguma lógica. Assim como
no passado fenômenos inexplicáveis eram atribuídos
a deuses, ainda que em pequena margem serve-nos de base para nossas certezas. Claro
que não somos tolos e no final das
contas juntar um mais dois é tão lógico, como se fôssemos testemunhas
ocular, mas nem sempre e nem em todas circunstâncias é assim. Em
contrapartida parecemos tolos quando desconsideramos os fatos das evidências. Acho
que porque a ciência é um pouco intuitiva também. Certo é que quando encontramo-nos numa lacuna
ficamos incomodado, e mesmo sem a luz de ciência alguma precisamos saná-la
porque a incerteza mina nossa lógica até daquilo que acreditamos.
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