Dor compartilhada

Olá meu desconhecido inimigo

Hoje sinto a dor que um dia sentiu

É, eu sei pareço senil

Mas não sou não. Ainda não.

Provei do mesmo veneno que um dia te fiz tomar

Não me condene não.

Olha, confesso sou inocente,

 Fui  enganado pela mesma serpente.

Mentiras fizeram acreditar que não tinha ninguém

Jamais entraria nesta pra  prejudicar alguém.

Imagino como não se sentiu com o discurso ensaiado

De amor desfeito, aquele papo transviado

Como sei? Ora,  ouvi também.

Toda drama desenrolando pelas avessas

Planos realizados em tendas

Isenção de juízo e a famosa dieta

A mulher e a astúcia..

Pra  ti o circo foi enfermeira

Pra mim cabeleireira

O branco da vestimenta enegrecido pela trama

Onde a astúcia é quase infâmia

Se não fosse elaborada pela serpente.

Lembro aquela voz pedindo socorro

Agredida? Dissimulada despedida

Outro horizonte, nova chama

Nem por um momento vi a faca que lhe cravava.

Talvez hoje me agradeça

Livrou-se da rameira, desfrutável  perdigueira

Tornou-se livre

Desculpas, hoje posso sentir sua dor

Me perdoa por favor.

Hoje outro no leito desfrutante

Obcecado carne, sexo sagrado

Bocas sedentas, corpos estremecidos

Vai-se envaidecido, deliciante.

Engodo de lábios cintilantes

Amargo absinto

Vivo o horror que você não viveu

Aqui do lado meu, mora o inimigo

Me priva os sentidos, fico tolhido

Me foge a razão, se fico morro

Se vou me omito

Olhos pra frente pra não ver o que me confunde

Não saio pra não ver   o confronto que se aproxima

Tanta lasciva e quem se isolou ? 

A vergonha me consome inteiro

Dialeto de meeiro

Que perdeu sua parte do pecado.

Que olha para o lado pra ver se ninguém está rindo

Eu não pequei mas eu que sou punido.

Você teve mais sorte de sua terra partiu

Veio pra minha

PqP

Peço todos os dias pra sair na rua

Sem precisar me esconder...

(poderia rimar, mas é melhor nao)