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sábado, 21 de novembro de 2020

A dor de ser visto como complemento e não essencia

 

A violência perdura em detrimento da sabedoria. Quando para alguns só resta  este  recurso.   Não é difícil imaginar que para estes cujo único recurso a violência é a solução costumam resolver situações similares do mesmo jeito.   A profissão em si ajuda muito. Quando se tem o pagamento mensal associado a vigiar o patrimônio alheio todo mundo passa a ser suspeito  principalmente aqueles cuja cor expira maior desconfiança.  Nestes casos a desconfiança não surge por uma motivação, ela é subalterna a condição social e racial.  Noutra situação olhos aguçados passam de longe se a cor da pele for  outra.

O reflexo da violência quando extrapola a razão  as vezes habita os noticiários e a repercussão acaba expondo a ferida aberta que sangra.  Por um lado enquanto vozes dissonantes clamam por mais igualdade, outras evocam a frivolidade negando ou tornando menor o engasgo das gargantas sufocadas.  Estes sopradores de bolha de sabão nunca sentiram na pele sua liberdade diminuída quando eternamente debaixo de suspeitas são vigiados   no exercício de tentarem usufruir o direito de ir e vir. Parece que certos ambientes  tem um  cadeado  de advertência alertando que:  pode entrar mas você não é bem vindo.   Ou : aqui é uma casa de família branca não é ambiente para minoria.  Velado como é: o ambiente em si causa um desconforto que parece que a aceitação é obra da lei e não da civilidade. A opressão é fruto de anos viscerais de aceitação passiva ou negação dos fatos.  Atitudes evidentes de desconfiança e não aceitação sofrem  uma deturpação  que é para ocultar o que esta clarividente.  Assim, a arte de manipular as evidências minimizam a criminalidade  dupla: racismo e violência.  Ambas não andam de mãos dadas  mas continuamente  aparecem juntas.  Entenda-se por violência, cabe ressaltar, algo mais do que sopapos. Ela vem em forma de discriminação mediante palavras, gestos, rejeição, afastamento, menosprezo,  caras e bocas e medo.  Dá pra imaginar que se há um criador onipresente, este deve lastimar  as diferenças que culminaram nas barbáries vistas lá de cima.  De ver que a diversidade  que mostraria a beleza da criação transformou-se num amargo e feio quadro  em nome da arrogância. Que se expele a custa do outro que é  vitimizado, vilanizado, subjugado   em  perjúrio que tornou  sua historicidade maculada e subserviente. 

Há dor, há vergonha e há receios. Há dor quando  a violência explode contra a cor da pele que transparece além do ser. Há vergonha quando   palavras são usadas como arma  que ferem a dignidade por causa da  origem étnica.  Há receios de  andar livremente em  certos ambientes que anseiam expor quem resolve quebrar este estigma.

 O crime da desigualdade vai além da aparência pois perdura na atmosfera marcando  a ancestralidade.  Instala-se  veladamente em todos os meios. Perdura na exaltação de vozes que não admitem que a   máscara da benevolência piedosa mascara a essência do racismo ocultado no autoengano. 

  Estes pelo menos procuram  exorcizar os males infringidos contra seu semelhantes,  de cor de pele diferente.  Que não uma escolha! Se esta fosse requerida seria ultrajada como opção em virtude do massacre impingido a quem por direito só quer o direito de ser livre dentro do corpo que    lhe foi confiado.   

 

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