A violência perdura em detrimento
da sabedoria. Quando para alguns só resta
este recurso. Não é difícil imaginar que para estes cujo único recurso a violência é a solução costumam
resolver situações similares do mesmo jeito.
A profissão em si ajuda muito. Quando se tem o pagamento mensal
associado a vigiar o patrimônio alheio todo mundo passa a ser suspeito principalmente aqueles cuja cor expira maior
desconfiança. Nestes casos a
desconfiança não surge por uma motivação, ela é subalterna a condição social e
racial. Noutra situação olhos aguçados
passam de longe se a cor da pele for outra.
O reflexo da violência quando extrapola a razão as vezes habita os noticiários e a repercussão acaba expondo a ferida aberta que sangra. Por um lado enquanto vozes dissonantes clamam por mais igualdade, outras evocam a frivolidade negando ou tornando menor o engasgo das gargantas sufocadas. Estes sopradores de bolha de sabão nunca sentiram na pele sua liberdade diminuída quando eternamente debaixo de suspeitas são vigiados no exercício de tentarem usufruir o direito de ir e vir. Parece que certos ambientes tem um cadeado de advertência alertando que: pode entrar mas você não é bem vindo. Ou : aqui é uma casa de família branca não é ambiente para minoria. Velado como é: o ambiente em si causa um desconforto que parece que a aceitação é obra da lei e não da civilidade. A opressão é fruto de anos viscerais de aceitação passiva ou negação dos fatos. Atitudes evidentes de desconfiança e não aceitação sofrem uma deturpação que é para ocultar o que esta clarividente. Assim, a arte de manipular as evidências minimizam a criminalidade dupla: racismo e violência. Ambas não andam de mãos dadas mas continuamente aparecem juntas. Entenda-se por violência, cabe ressaltar, algo mais do que sopapos. Ela vem em forma de discriminação mediante palavras, gestos, rejeição, afastamento, menosprezo, caras e bocas e medo. Dá pra imaginar que se há um criador onipresente, este deve lastimar as diferenças que culminaram nas barbáries vistas lá de cima. De ver que a diversidade que mostraria a beleza da criação transformou-se num amargo e feio quadro em nome da arrogância. Que se expele a custa do outro que é vitimizado, vilanizado, subjugado em perjúrio que tornou sua historicidade maculada e subserviente.
Há dor, há vergonha e há receios. Há
dor quando a violência explode contra a cor da pele que transparece além
do ser. Há vergonha quando palavras são usadas como arma que ferem a dignidade
por causa da origem étnica. Há receios
de andar livremente em certos ambientes que anseiam expor quem resolve quebrar este estigma.
O crime da desigualdade vai além da aparência pois perdura na atmosfera marcando a ancestralidade. Instala-se veladamente em todos os meios. Perdura na exaltação de vozes que não admitem que a máscara da benevolência piedosa mascara a essência do racismo ocultado no autoengano.
Estes pelo menos procuram exorcizar os males infringidos contra seu semelhantes, de cor de pele diferente. Que não uma escolha! Se esta fosse requerida seria ultrajada como opção em virtude do massacre impingido a quem por direito só quer o direito de ser livre dentro do corpo que lhe foi confiado.
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