someone lyke you

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Janela indiscreta



De onde estou posso ver seu corpo tremulando sob a luz;  e a distância que nos separa. Posso ver  sua silhueta que se configura a meia luz instigando minha imaginação.  Tu nem saberia  que existo  não fosse o inconveniente dos meus olhos a espreita mendicante direcionados onde recentemente  te acomodas.. Talvez lhe cause ojeriza olhos famintos que a observam. E por vezes cause-lhe aversão saber que vigiada, penso.   Se bem que as vezes penso que tu  provocas como se a aquiescência de  ser desejada projetasse  em sua essência o instinto da fêmea que aprecia ser.  Repetidas vezes dirijo-me a janela que me põe frente a frente com suas formas com o anseio de vê-la.. Encoberto pela distância e pelos cuidados que tomo  dos inconvenientes de ser visto e  só me faço visto quando certo que ali estas. E  quando ali estás me  ponho sobre a janela como se tudo   fosse uma doce casualidade. Talvez você desconfie desta casualidade constante que de tão constante todos seus aparecimentos na janela combinem com os meus. E com seus botões pensasse: este cara não tem o que fazer.  Nem imaginando que o estar ali fora um ato premeditado.  Confunde-me porque há dias que parece brincar comigo. Encena sua inocência para que eu saiba que não és.  Tira cautelosamente a blusa acendendo as utopias da minha imaginação e a prontidão dos meus olhos. Protegida pela penumbra que parece astutamente planejada e se insinua certa dos efeitos que causa. Entorpecido ou desconcertado, quem sabe, oculto meu desalinho para não ser pego na minha concupiscência. Porto-me as duras penas tentando manter uma imagem austera que não tenho.  O que dizer da sua? Existe ou fazes um jogo sabendo que olhos atrevidos se portam desejosos.  Hoje porem algo mudou lacraste a janela que meus desejos alimentava... Talvez notaste que a casualidade era falsa.  Ou quem sabe agora a clareza lhe informara dos acontecimentos simulados. Quem saberá o motivo que a motivara a ausentar-se. Vejo pela fresta do meu ego que aquele prazer furtivo foi-se. E ficará adormecido até que encontre conforto noutro encantamento singular.

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