Tá
cheio de vontades, né? Um colega dizia ao outro. Tinham ido numa festa e ela estava bombando. O campo era fértil em todas
as áreas. A bebida era farta, a comida passava como top model em passarela e as
top models eram de esquecer a bebia e a comida, as mulheres normais também
davam substância ao ambiente. Que festa, é esta? Dizia um ao outro celebrando a
deslumbrante e magnânima e lotada festa. A empresa tinha um portfólio de clientes considerável
e os funcionários na sua maioria marcavam presença. Era uma festa para clientes
e funcionários, mais para clientes, diga-se. Aos funcionários, os melhores,
aqueles que estavam no topo das vendas. Sim, parecia uma ação discriminatória,
mas era dito mais como um bônus para aqueles que tinham trazido os clientes de
peso. O tal fulaninho chegou você viu? Disse um ao outro. O que vi é que ele ficou em primeiro na lista de novo? O outro:
pois, é. Como ele consegue? Deu uma
pausa para demonstrar toda sua revolta. Sim, como? Nos esforçamos tanto quanto ele.. Mês
passado fiquei praticamente 14 horas na empresa. Achei que este era meu mês...Meu
mês! Porra, me esforço pra caramba. E este merda está sempre me fazendo parecer
idiota. Olha só o jeito dele! Meu, nem dá pra
acreditar que este cara é o melhor vendedor da empresa. Olha aquela calça? Fala
sério, é uma piada, né não? O cinto do cara é marrom e o sapato é preto? Tem dó.
Quem não sabe que isto é ridículo? O
outro que ouvia, mas provavelmente partilhava dá mesma opinião escutava
atentamente o desmando do outro. Sabia muito bem que esta frustração era
recorrente e refletida por muitos que ali estavam. Estar no topo era como ser
um deus aos olhos dos outros vendedores. Era como se não houvesse ninguém
acima. Esta pressão as vezes custava o bom convívio com outros vendedores,
sobretudo àqueles que se destacavam, mas
era assim que funcionava. Afinal no mundo competitivo sobressai quem tem mais
cartas na manga, E o tal fulaninho a cada mês demonstrava que tinha várias, na
manga, nos bolsos, na cabeça... Enquanto ainda concluía seus pensamentos o
fulaninho chegou sem ser notado. Olha
quem está aqui? A dupla de perdedores. Disse debaixo de um sorriso,
escarnecendo da dupla que fora pega de surpresa pela presença inesperada do
tal. Aposto que estão falando de mim? Hahha!
Sabe qual o mal dos perdedores? Eles não sabem perder. Em vez de se conformarem
com o segundo e terceiro lugar estão sempre almejando o lugar de quem está
acima deles. Isto é pecado, sabia? Tudo
bem, vocês chegam lá. E saiu assim como chegou com seu ar superior de quem
todos odeiam mas que almejariam estar no lugar. Moral da história? As pessoas
se importam com cada coisa; Se olhassem
do lado de fora aquele mendigo que está contente com a lavagem que retirou do
lixo e comeu e que achou deliciosa ou mais adiante trombassem com a mulher que estava
contente por ter recebido 80,00 reais pela faxina do dia inteiro e respirava
aliviada porque pagaria a conta de luz atrasada. Sim, mas também não podemos
olhar o mundo por baixo, claro que não. Mas,
somos tão fúteis quando não somos agradecidos e tão pessimistas quando
deixamos de ver o lado bom das coisas. Somos insaciáveis em tudo que
conquistamos? Sempre queremos mais? E quando nos sobrevém o retrocesso fazemos
o que? Sentimos pena de nós mesmos? Não
devemos ter parâmetros mas devemos ser um pouquinhos mais comedidos... Parece
que como diz Salomão: queremos alcançar o vento. Tudo é vaidade um esforço inútil
para alcançar o vento. Se nossa vaidade fosse traduzida em palavras...Seríamos como o que? Lobos em pele de cordeiro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário