Uma profecia enchia de esperanças
os judeus escravos em Roma. Um Messias libertador
viria para libertá-los da sua situação cativa. Baseados nesta esperança
esperavam ansiosos um grande líder que os lideraria numa batalha vitoriosa contra o império romano. Quando no tempo devido apareceu Jesus se intitulando o Messias, eles não acreditaram. Não acreditaram porque
esperavam um rei aos moldes de Davi que vencera batalhas épicas com muito derramamento de sangue em batalhas improváveis. Então quando
Jesus apareceu humilde declarando que seu reino não fazia parte deste mundo (uma alusão
ao governo messiânico), foi descartado e odiado por não atender as expectativas
que tinham de libertação. Esta história mostra um erro comum. Criamos
expectativas baseadas nos nossos anseios. E estes nos impulsionam a acreditar
no que nossa imaginação cria devido às necessidades de nosso coração. Digamos
que você conheceu num chat uma pessoa que tenha um bom papo e que seja
encantador. Embora você nunca a tenha visto criará uma imagem desta como se
fosse a pessoa que você esperou a vida toda. Talvez não consiga definir um rosto
propriamente dito, mas baseado nas suas expectativas de pessoa ideal
formalizará qualidades que se harmonizem com suas necessidades. Com o tempo
quando as conversas se tornarem mais frequentes a ânsia de saber como esta
pessoa é de fato se tornará imediata e
você num misto de curiosidade e empolgação com um que de por fim a suas ânsias
buscará os meios de supri-la. Esta
necessidade premente não se extinguirá ate que se torne real. Se por ventura a pessoa quando vista não
atender suas expectativas, toda empolgação
resvalará por entre os dedos da sua empolgação se transformando em algo
negativo e mediante fatos, nem todas as
qualidades antes vistas e admiradas
salvaguardará o desfecho decepcionante.
Por mais que estejamos cônscios desta nossa forma ilusória de dar
andamento nas coisas, sempre caímos no mesmo roteiro orquestrado por nossas
expectativas. Da mesma forma quando
ouvimos falar que determinado lugar é extraordinário e impressionante. Com relatos tão expressivos criamos a
necessidade de vivenciarmos os glamoures de
quem viveu a experiência e se abastou. Queremos sentir o êxtase vivido
por quem nos relatou e corremos atrás para sentirmos o mesmo jubilo. Quando,
porém estamos no lugar mencionado buscando a mesma glória e não a encontramos, ficamos
decepcionados.
Talvez devêssemos frear nossos
impulsos românticos de vermos o mundo ou talvez não. Talvez nossas decepções aflorem
nossos devaneios e isso nos traga experiências de como devemos ver as coisas
como verdadeiramente são. Ou talvez devêssemos criar um filtro menos ilusório
que nos permitisse ver além das expectativas e entendermos que da mesma forma que criamos expectativas a
pessoa que conosco se corresponde também
cria. Talvez fosse mais justo que além de nossas expectativas nos apegássemos ao
que de fato interessa pelas qualidades e não pela embalagem. Fato é que este erro comum perdura apesar de
toda racionalização que possamos ter. Talvez
nossas expectativas ocultem nossa
ingenuidade desmedida em prol de nossas carências afetivas camufladas.
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