someone lyke you

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pensamento estranho



 A sala estava repleta de sapatos espalhados pelo chão. Passariam desapercebidos, mas quando se começa tropeçar neles alguma coisa no seu subconsciente  diz que você precisa organizar.  Cinco pares  de sapato,  um para cada dia da semana, todos ali jogados. Um absurdo. Tanta bagunça nao seria de estranhar que, se ao abrir a sapateira  me deparasse com os olhos de um roedor assustado, tão assustado quanto eu pela surpresa do encontro indesejado.   Ele no afã de sair dali  pularia instintivamente a procura da fuga   e eu com o mesmo instinto tentando me desvencilhar dele. Depois do susto inicial, talvez depois achasse graça do ocorrido. Nao antes de praguejar aquele animalzinho desprezível. Esta é uma cena de ficção, nao aconteceu. Mas duvido muito que  alguém já não tenha vivido cena semelhante  verdadeiramente.  Um rato lhe daria um tremendo susto, mas é pouco provável que lhe atacasse.  mas o que dizer de uma aranha altamente venenosa.  Você certamente ficaria em apuros. Só sentiria a picada e depois veria as consequências por intermédio da dor e seus  efeito. Agradeci aos céus. Ainda que hipoteticamente eu poderia realmente me deparar com um rato  ou pior uma aranha, menos provável, mas, ainda possível, um animal peçonhento. Já vi noticias em que o camarada vai colocar o sapato e  sente aquela dor excruciante,  fruto de uma picada de um hospede indesejável que se alojou no seu sapato. 
Um ato simples como guardar ou colocar  um sapato pode terminar em tragédia. A vida é cheia de surpresas com um desfecho nem sempre positivo. Você pode planejar  ir a padaria e não voltar pra casa. São muitos desfechos prováveis e improváveis. "Porque não é do homem que anda dirigir os seus passos..." Os imprevistos são imprevisíveis. Parece engraçado, mas, é assim. Ouvi muitas histórias de pessoas que saíram para comprar cigarros e nunca mais foram vistos. Ou alguém que intencionava ir ali na esquina e sofreu um grave acidente. Ressoa em meus ouvidos palavras de alguém dizendo: Vou ali e já volto. E nunca mais voltar. Enquanto pensava, lembrei do caso da menina que foi passar  férias numa região praiana. Aquilo tinha sido planejado meses a fio, era aguardado com ansiedade, e quando chegou o momento da diversão, foi atacada por um tubarão. 
Uma pessoa que sai de casa atrasada, já  desesperada pensando na quantidade de trabalho que tem para fazer, assombrada, considerando que seus atrasos podem terminar   em demissão. Perdida em seus pensamentos inquietantes.   Quando do nada um motorista maluco, invade o ponto de ônibus onde ela estava e põe ponto final a qualquer pensamento. Vai entender.  Parece sinistro. Sei, parece. Mas é tão estranho como não temos controle do tempo adiante, segundos, minutos e  horas; Tudo uma incógnita. Realmente o futuro não nos pertence.  Maldito rato que nem existiu e que fez eu pensar tanta bobagem.  Nossa, preciso arrumar esta bagunça. 


sábado, 27 de dezembro de 2014

GROSSERIA



Já mandou seu irmão pastar hoje? Ou sua mãe? Ou seu pai ?  Chocante não? Não são coisas comuns de se ouvir. Mas, você sabia que isto acontece?  Sei que esta boquiaberto  duvidando que  possa ser verdade.    Acredite se quiser: acontece. Aquele milésimo de segundos em que sua ira se transforma em palavras e sai bombástica,  como um soco, direto no rosto do seu adversário. Ou melhor, do seu   amado. Você é uma retardada! Sua  burra! Frases corriqueiras ditas  por nada mais nada menos que:  seu marido,  sua esposa.   Uma comunicação um tanto rude. Indicador claro de desrespeito e agressividade. Eu não sei  a quanto vai a pressão de quem  desfere palavras deste calibre,  mas, é comprovado que ocorre uma  alteração considerável e nociva pra quem fala e principalmente para quem ouve. Um círculo vicioso entre ofensor e ofendido.   Seu coração neste instante é como uma fossa aberta que inala um fedor direto sobre o nariz do ofendido. Causando prejuízos invisíveis, mas marcantes. Para quem agride um pedido de desculpas parece razoável, mas nem sempre há uma cauterização da ferida para quem é ofendido. Aquilo fica em carne viva, corroendo, fomentando uma dor causticante e inesquecível que influi diretamente no comportamento que a pessoa lhe disporá.  Resultado? Deterioração. A palavra tem tudo a ver... Em todos os campos que atua o resultado é danoso.  A boca fala do que está cheio o coração e  suas expressões revelam que tem um coração ferido. Seu coração está envenenado pelo rancor e  precisa de cura. A cura se dá por transposição, conscientização e empatia.  Antes de desferir ofensas transponha  uma palavra negativa por uma positiva. Em vez de vai tomar no...Tente: Como você está linda hoje. Ainda que artificial o constante uso,  tornará o ato natural. Se conscientize que toda ação resultará numa reação e,  separe alguns minutos do dia para pensar em:  como as palavras que saem da sua boca repercute na outra pessoa. Lembrete velho mas muito reflexivo: Faça aos outros o que gostaria que fizessem a  você. Ninguém gosta de ser maltratado.  Se alguém o insultasse como reagiria?
Uma fossa para voltar a ser água cristalina precisa de um processo com várias fases, mas só de pensar que está tomando uma agua que veio do esgoto a torna repulsiva. .   Se você se incomoda com um provável cheiro ruim  que possa estar saindo de sua boca imagina se este estiver vindo do seu coração!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Fruto Proibido



Fruto proibido
Inebriante
Onde estão as rédeas
Deste romance?

A razão nocauteada
Humilhada
Já não pode dizer  nada
Nem vê as consequências  adiante
Ou  verá quão distante
Vai a estrada.

Os pensamentos em desafeto
Com o resto
O corpo exaltado e indiscreto
Ignora o risco
Não, não faça o proibido!
Obedeça a placa de restrito
 Mas que nada!
Curvas insinuantes, boca excitante.
Pomos, Vênus, pernas torneadas.
Viralata!
Mexe comigo, revira meus instintos.
Como é que fico?
As rédeas tentam frear
Pra lá e pra cá..
E nada!
Arrebata tudo,
Meu céu, ,meu chão,  meu mundo
De quatro
O cheiro repousante
Desperta cortante
A carne.
A razão jaz um trapo;
O desarme.

Sou vencido
Sim, declaro-me  derrotado
Sim, perdido
De quatro
Um pedido
Novo pecado
Serei sua quantas vezes quiser
E quantas vezes,  te farei mulher
E o  quanto ficará sem sal
Aquilo que é convencional
Seguro, estrutural
Em nome do amado
Cuja vertente arde em fogo ardente
Ali, tudo misturado
Consumindo tudo.
Tudo consumado
A grei, o laço  omisso
O céu, o chão e o juízo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

No palco da vida



Quando em cena desejamos  representar bem nosso papel. Vivenciamos a vida com nossos personagens tentando fazer o melhor que pudemos. No trabalho temos uma postura mediante nossa personalidade e objetivos. Neste ambiente temos normas e regras a serem seguidas. A ética profissional que assimilamos das  pessoas do meio com quais  aprendemos,  transparecerá nas nossas atitudes. A cada novo emprego acrescentaremos ou ganharemos uma bagagem de comportamento que refletirão  na nossa conduta. Neste aprendizado aprenderemos a reconhecer nossas habilidades, fraquezas, aptidões, inclinações e etc.   Nossa ambição também influenciará   nossa conduta. E uma vez que reconhecermos o jogo do poder estaremos a mercê do que é corruptível. O jogo do poder é sedutor e quanto mais jogar mais envolvente  será. Ele transforma seu caráter.  E, até mesmo quem  se julga incorruptível  poder ser corrompido se não  manter certa vigilância  e não amortecer os desejos da carne que sempre andam de mãos dadas com o poder que atrai consigo facilidades, domínio, mulheres e dinheiro. Num cenário cativante e permissivo que,  caso não  reprimido fará a voz dos seus valores serem inaudíveis quando precisar de socorro. O jogo do poder é envolvente e sufoca todas as vozes recriminatórias que possam tentar lhe avisar. Nossa conduta pode ser alterada dramaticamente a ponto de você se olhar no espelho e  perguntar: No que afinal me transformei? Quem sou eu afinal?  Quando pessoas de renome acabam na prisão por infringirem leis, surrupiarem patrimônios, desviarem verbas para o benefício próprio, não raro, confessam que o declínio moral  foi fruto de  desbastes  pequenos e sorrateiros,  quase imperceptíveis na sua índole e,  quando se deram conta já eram outra pessoa e,  para muitos a cadeia foi  o puxão de orelha que uma mãe daria como reprimenda  se soubesse do comportamento transviado do filho.
 Atrás dos bastidores estamos desnudos dos personagens que precisamos viver. No mundo real precisamos enfrentar nossos medos, inseguranças e tudo,  inclusive consequências dos atos que praticamos enquanto representamos no palco da vida.  Nossas atitudes,  néscias como as sábias,  resultam em frutos, algo semelhante a lei do retorno. Afinal ninguém planta uva e colhe  abrolhos.
Na ceara da vida nossos frutos plantados serão colhidos apesar das intempéries da vida. Pois,  é atrás das cortinas que  demonstramos o que verdadeiramente somos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Ela falava eu nao acreditava



Razões que desconheço  e uma lógica nebulosa para os que olham de fora. Assim defini o que me dizia aquela moça. É pouco provável que concordássemos tendo  ponto de vistas tão divergentes. Então escutei quieto. Quieto porem incomodado. As palavras que concretizavam pensamentos soavam como se pudessem ser brincadeira. Como se ditas com a finalidade de me irritar. E que não eram necessariamente fruto do exercício de um comportamento. Ouvia cético. Agora questionando se estava muito antiquado  para os tempos modernos, preso a paradigmas ultrapassados e que jazem  sem sentido. Seria possível alguém ver com naturalidade o que tantas pessoas rotulam como imoral? Escutava e não acreditava no que ouvia. Refutava o que os ouvidos ouviam. Será que consideramos menos  impudente  aquilo que fazemos quando comparados com ações semelhantes feita por outras  pessoas? Justificamos nossos atos com clemência, mas, crucificamos  quando os mesmos são cometidos por outros?  Por assim dizer somos advogados defensores de nossas causas e juízes tratando de casos alheios?   Dois pesos e duas medidas para o mesmo comportamento. “Sou solteira e tenho vontades”,  ela dizia, justificando seu comportamento. É,  talvez 10 anos de diferença foram suficientes para uma degradação moral não existente na minha época. Degradação? Quem disse que posso dizer que um comportamento é degradante só porque vai de encontro ao que acredito? Porque uma mulher não pode sair com quantos caras ela quiser sem o menor envolvimento emocional  se assim sentir vontades?  É pernicioso. Mas,  longe das amarras dos conceitos morais ou desprovido deles qualquer referência a um conceito religioso proibitório torna-se inapto. Conheço outras pessoas da mesma geração que não encaram tal comportamento com tamanha naturalidade.  Aqueles cujos pais “arcaicos” presentearam com uma educação religiosa reflexiva. Não sei. Até onde os princípios que me cerceiam contribuem com a benesse dos meus semelhantes? Precisamos ter freios morais para que possamos ter valores que moldem nosso caráter? Onde desaguamos quando guiados pelos nossos princípios morais ou  ausência deles? Nossa conduta sexual pode ser usada como indicativo para o que nos denigre ou nos enaltece? Não sei. Talvez esta seja a questão. Aceitar todo tipo de conceito, comportamento e conduta. Não admitir preconceitos. Aceitar todas as causas. Talvez o mundo globalizado criou uma janela aberta escancarada demais para admitirmos refutar aquilo que não aceitamos . Porque se assim fizemos somos antiquados, preconceituosos, moralistas. Descambamos numa trincheira de incertezas  tão imensurável  que perdemos a noção do que é aceitável ou não. Do que podemos reprovar sem estarmos imputando julgamento a alguém. Onde vamos parar com nossas mentes livres nos  moldando a tudo que nos possa comprimir?

PS - A palavra arcaico grifada – não define meu ponto de vista, apenas ressalta a possibilidade de alguém considerar que  a religião pode ser. 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Visao ao acaso



Do 14º andar do  prédio  onde estou,  observo  desconhecidos andando lá embaixo. Nada demais. É um vislumbre  bem comum. Pessoas andando.  Lá  vão elas para  para algum lugar que  francamente não sei o destino. Estou   observando-as  sem elas notarem. Sinto-me  privilegiado. Além das câmeras que agora ocupam toda região, meus olhos captam a imagem. Algo naquela cena insípida de tão comum, vista em tantas outras ocasiões  neste  dia me chama atenção.  O atravessar da rua de um jovem que entre os carros passa apressado, a mulher com sacolas que denunciam que esteve num mercado... O homem de blusa vermelho vivo  puxando seu filho pela mão indo pra um destino qualquer ou quem sabe voltando para seu lar. A mistura das cores vistas  lá de cima misturada com a dinâmica das pessoas  pareceu-me tão bela. A continuidade da cena de cores e andares transmitiam uma peculiaridade. Ou talvez aquele dia meus olhos estivessem generosos e enxergavam por  um prisma até então desconhecido. Cores, pessoas e carros, nada mais. Idas e vindas, destinos e obrigações. Eu mesmo estava ali a desígnio de uma obrigação só que hoje como observador e não como observado.  Não sei ao certo o que naquele dia fez de uma  cena tão  comum motivo para  atenção. Certamente, aquela não era uma cena que um jornalista ávido  por uma boa notícia  buscaria, nem tampouco seria digna de nota para um fotógrafo talentoso, ou mesmo um  mediano. Entretanto fiquei ali inebriado inexplicavelmente.  Talvez aí esteja a graça da vida. Não no fato de ver uma cena sem graça sendo descrita mas,  em ver vivacidade e se sentir vivo. Buscar em coisas singelas, no cotidiano, num sorriso, numa palavra aquilo que possa ser interessante. Aquilo que possa abastecer uma cena aparentemente monótona em algo pujante, visto pelos olhos clínicos da peculiaridade  e não com os olhos mornos da mesmice.    Há uma energia impressionante  que paira sobre tudo que se move. Pense na dinâmica de um formigueiro, no gorjear matutino dos pássaros, na frota de abelhas que sobrevoam lugares longínquos polinizando flores, disseminando vida. É tudo tão dinâmico. Se observarmos em tudo há uma explosão de energia. Desde um ser  microscópico até o maior dos mamíferos. Vida em abundância. Mas, as vezes nossos olhos caem na normalidade, vemos as coisas como sem vida, como nada.  Talvez naquele dia, naquele momento único, registrado pelo meus olhos de forma notável eu sentisse o poder de  Deus. A força motriz por trás de todas as coisas. Quem vai negar que o  mundo é uma colosso  de energia misturada em ação, emoção e vivacidade! Embora tenhamos nossos lampejos de admiração o mundo é um fomento de energia em transformação.Nada no mundo é monótono. O mundo é um grande coração pulsante, livre,  libertino, escancarado de vidas, gêneros e espécies. Não importa se uma cena corriqueira será captada decentemente por nossos olhos. Não importa se o canto de um pássaro pareça banal. Certo é que estas atividades incessantes anunciam e dignificam uma grandeza extraordinária. Um ser supremo. E como mero observador que sou que naquela  fração do tempo observo lúdico uma cena tão comum, posso imaginar em cada canto do  mundo, pessoas admiradas com cenas parecidas. Só posso concluir:  É notável a força da crianção vista na simplicidade das coisas .