someone lyke you

sábado, 19 de julho de 2014

Dia de férias num hotel.



Vozes invadiam o quarto por todos os lados. Um burburinho a La feira livre denunciava um acontecimento fora do comum. Ao fundo, ouvia-se o arrebentar das ondas  misturando-se como água e açúcar confundindo melodioso,  vozes e o mar. Era o cheiro da vida encurralando o homem da cidade convidando-o a viver.  Diante do quadro nada lhe restava a não ser sair do quarto do hotel que o aprisionava  e abandonar qualquer pretensão que ainda tinha de ali continuar. E um desprendimento quase estranho tomou-lhe resignando-o a deixar o estigma da cidade para lá e misturar-se ao cheiro de gente que irrefutável lhe flertava.
 Às vezes é tão pouco o que a gente precisa para fazer o coração pulsar numa nova batida, num ritmo novo. Sim, isento da monotonia que tornou sua vida, que demarcou  os espaços por onde deveria orlar seus sonhos. É como um homem que perdido no mar já cansado de tanto nadar perde os sentidos e de repente do nada, de súbito, tira forças não se sabe de onde para um último fôlego que rompe os grilhões das águas que o estavam sufocando num limiar de vida e morte tão sutil, tão gêmeo, que quase não se percebe a diferença. E ali, naquele instante o coração ritmado  retorna com novas forças a vida que a pouco estava no limiar. E a vida que antes parecia boa fica partida como um espelho trincado que deixa  sua imagem turva.
A vida precisa de um chocolate, um sorvete, em meio a verduras, legumes e integrais. A vida precisa daquele som, sim aquele burburinho,  o convidando a viver, a se libertar do que te faz pequeno, a sair da mesmice rotineira que faz a vida parecer tão sem graça.

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