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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O gaiato

 

O  conto do gaiato.

 

Parou o transeunte como se, se conhecessem há anos. O capiau que ouvia a conversa atônito ficou inerte tentando lembrar de onde conhecia aquele personagem que se mostrava tão familiar, mas cuja imagem o abordado não reconhecia.... E fez-se presente, fez-se simpático, fez-se de bom moço, o outro que tinha a memória ruim, mas ele não, lembrava-se perfeitamente do desmemoriado. Após questionário sobre como ia a família, a cidade, os antigos companheiros... o homem sorridente, chegou ao que queria, uma venda bem sucedida que o comprador não sabia qual a finalidade de uso da compra.  Gaiatos, são assim. Fazem você fazer exatamente o que querem . Depois do dolo você se sente um otário que foi enganado tão estupidamente como não deveria ser.

 

 Lembrei-me do maior de todos Pedro Malasarte.... Conta que sem dinheiro costumava ficar a espreita esperando passar um fazendeiro rico e ambicioso  para aplicar-lhe algum golpe... Este no caso logo apareceu distante que ele vislumbrou de longe em tempo para elaborar um plano.  Confabulou como poderia.. E logo veio a luz. Diante dele um cocô de bicho estava ali no chão. Pensou porque não?  Quando percebeu que os olhos do fazendeiro já lhe avistavam de longe,  lançou o chapéu sobre o monte de bosta e ficou como se protegesse a coisa mais valiosa do mundo.  Pouco tempo depois com o fazendeiro que de longe já o avistava naquele posição, fez-se curioso.  E ao passar por ele e ver o homem tão compenetrado na missão de proteger o que estava debaixo do chapéu perguntou.  O que se passa cabra, o que tem aí embaixo do chapéu.. Malasarte mostrou-se temeroso... Parecendo não querer compartilhar com o homem aquilo que guardava.  O homem indignado voltou a lhe perguntar.. Ora, moço, o que tens por ai, não lhe causarei mal algum por me prestar devida informação.   Então Pedro falou. O que trago aqui é um pássaro de grande valor...  Só que estou receioso de compartilhar esta informação e vós querer me roubar o pássaro. Deu uma pausa e atirou. Se confiasse em vossa excelência diria meu plano e em contribuição dividiria o valor da venda... O fazendeiro então falou: desembucha homem. Se tem valores envolvidos prometo ajudá-lo no que for possível.  Falou Malasarte:  O problema é que tenho o pássaro mas não tenho a gaiola.. e confesso tenho medo de tentar pegá-lo com a mão e na ação o bicho escapulir... Ou  ainda apertá-lo a ponto de matá-lo..... Vós, mecê poderia ajudar-me? Este pássaro de grande valor será de valia para nos dois...  O cavaleiro pensou :  que mal tem se em ajudá-lo? Sem contar que ainda por cima terei ganho.  E falou: Fale-me desta loja para que possa trazer-lhe a gaiola recomendada...  Homem, tu conhece a cidade?  Disse-lhe Malasarte. E continuou: Demorará muito para encontrar o que preciso... Deixo-o aqui e tomo montaria no seu cavalo para a compra... Para mostrar minha  credibilidade em vós,  deixo-o aqui guardando nossa preciosidade.  Pensou o homem e ... Resolveu confiar no faroleiro. Viu quando Malasarte sumiu com seu alazão cidade adentro.  E lá ficou o homem ... acocorado protegendo sua nova fonte de renda. ... O sol a pico e a demora do outro fez o homem questionar sua sabedoria diante da questão... Tanto tempo assim, poderia ser que o pássaro já teria sucumbido sem ar.. Não se mexia, não cantava, não dava sinal de vida... E nada do outro aparecer...  Precisava se certificar que o pássaro continuava vivo para valer a pena esperar mais um pouco. Resolveu então levantar o chapéu..e, O céu pareceu mudar de cor com a vertigem que lhe sucedeu. Eu mato aquele fdp. Ficou fulo da vida com o que viu: um tolosso de merda endurecido que nada tinha a ver com um pássaro raro anunciado pelo carraspana....

Lá na cidade o Menino se ria se vangloriando da venda bem sucedida do alazão.

 

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