O conto do gaiato.
Parou o transeunte como se, se conhecessem há anos. O capiau que ouvia a conversa atônito ficou inerte tentando lembrar de onde conhecia aquele personagem que se mostrava tão familiar, mas cuja imagem o abordado não reconhecia.... E fez-se presente, fez-se simpático, fez-se de bom moço, o outro que tinha a memória ruim, mas ele não, lembrava-se perfeitamente do desmemoriado. Após questionário sobre como ia a família, a cidade, os antigos companheiros... o homem sorridente, chegou ao que queria, uma venda bem sucedida que o comprador não sabia qual a finalidade de uso da compra. Gaiatos, são assim. Fazem você fazer exatamente o que querem . Depois do dolo você se sente um otário que foi enganado tão estupidamente como não deveria ser.
Lembrei-me do maior de todos Pedro Malasarte.... Conta que sem dinheiro costumava ficar a espreita esperando passar um fazendeiro rico e ambicioso para aplicar-lhe algum golpe... Este no caso logo apareceu distante que ele vislumbrou de longe em tempo para elaborar um plano. Confabulou como poderia.. E logo veio a luz. Diante dele um cocô de bicho estava ali no chão. Pensou porque não? Quando percebeu que os olhos do fazendeiro já lhe avistavam de longe, lançou o chapéu sobre o monte de bosta e ficou como se protegesse a coisa mais valiosa do mundo. Pouco tempo depois com o fazendeiro que de longe já o avistava naquele posição, fez-se curioso. E ao passar por ele e ver o homem tão compenetrado na missão de proteger o que estava debaixo do chapéu perguntou. O que se passa cabra, o que tem aí embaixo do chapéu.. Malasarte mostrou-se temeroso... Parecendo não querer compartilhar com o homem aquilo que guardava. O homem indignado voltou a lhe perguntar.. Ora, moço, o que tens por ai, não lhe causarei mal algum por me prestar devida informação. Então Pedro falou. O que trago aqui é um pássaro de grande valor... Só que estou receioso de compartilhar esta informação e vós querer me roubar o pássaro. Deu uma pausa e atirou. Se confiasse em vossa excelência diria meu plano e em contribuição dividiria o valor da venda... O fazendeiro então falou: desembucha homem. Se tem valores envolvidos prometo ajudá-lo no que for possível. Falou Malasarte: O problema é que tenho o pássaro mas não tenho a gaiola.. e confesso tenho medo de tentar pegá-lo com a mão e na ação o bicho escapulir... Ou ainda apertá-lo a ponto de matá-lo..... Vós, mecê poderia ajudar-me? Este pássaro de grande valor será de valia para nos dois... O cavaleiro pensou : que mal tem se em ajudá-lo? Sem contar que ainda por cima terei ganho. E falou: Fale-me desta loja para que possa trazer-lhe a gaiola recomendada... Homem, tu conhece a cidade? Disse-lhe Malasarte. E continuou: Demorará muito para encontrar o que preciso... Deixo-o aqui e tomo montaria no seu cavalo para a compra... Para mostrar minha credibilidade em vós, deixo-o aqui guardando nossa preciosidade. Pensou o homem e ... Resolveu confiar no faroleiro. Viu quando Malasarte sumiu com seu alazão cidade adentro. E lá ficou o homem ... acocorado protegendo sua nova fonte de renda. ... O sol a pico e a demora do outro fez o homem questionar sua sabedoria diante da questão... Tanto tempo assim, poderia ser que o pássaro já teria sucumbido sem ar.. Não se mexia, não cantava, não dava sinal de vida... E nada do outro aparecer... Precisava se certificar que o pássaro continuava vivo para valer a pena esperar mais um pouco. Resolveu então levantar o chapéu..e, O céu pareceu mudar de cor com a vertigem que lhe sucedeu. Eu mato aquele fdp. Ficou fulo da vida com o que viu: um tolosso de merda endurecido que nada tinha a ver com um pássaro raro anunciado pelo carraspana....
Lá na cidade o Menino se ria se vangloriando da venda bem sucedida do alazão.
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