someone lyke you

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O amor noutra causa





Vejo uma curva lá longe!
Onde habitam meus devaneios
Agora estou tão distante
Os sonhos hoje são anseios

O tempo que foi-se está lá.
Nele o passado granjeio
Você valor não me dá
Deste vazio estou cheio

Um dia você quis me olhar
E nele  nasceu o amor
Noutro dia você quis me olhar
Pra dizer  que ele acabou

O amor não morre se mata
Se mata de inanição
Como o fogo em mata
Como a desilusão.


Nasce  o joio com o trigo
Crescendo com ele lado a lado
Um dia o ser  inimigo
E o mesmo que foi o  amado.

Pois o amor obliterou
A causa que não julgava ser
O ser que um dia te amou
Agora nem quer te ver.

Para um copo vazio
Outro cheio irá ocupar
Um outro com o mesmo perfil
Seu tempo irá dizimar.

Se falo que outro amor não há
 falo por pura educação
Por não querer magoar
Nem causar incompreensão.


Não falo que está morto
Que morto não pode falar
Você um dia foi sonho
Morto  depois do acordar


Nossos atos justificamos
Para o bom  nome não macular
Ainda que para o outro pecamos
Desejamos bênçãos alcançar.


Em outro o sentimento é  vivo
A mentira que foi semeada
Os vilipêndios serão assumidos
Pela palavra imaculada.


Dois corpos não ocupam o mesmo espaço
Dois amores não surgem do mesmo meio
Não desejo um amor em pedaços.
Eu não ouso revelar devaneios.

Pois a mentira não é deslavada
Sua ingenuidade é contravenção
Não semearei pela espada
Sentimento que nasceu sem razão.

A pretensão é culpada
Da descarada perfídia
Que não comunica com palavras
Mas com palavras  é temida

Veja com quem andas





A pergunta que não fazemos diante da barbárie que vemos ser  cometidas por alguém contra outro é que: poderia ser comigo. 

Sim, quando nos situamos desta maneira, como se passássemos  por tudo o que a vítima passou na mão dos seus detratores, pode ser que sintamos alguns dos sentimentos sentidos por aquele numa situação final de vida, ou de crassa violência. A sensação de impotência, a dor  excruciante, a falta de sensibilidade, os gritos pavorosos esperando que apareça algum tipo de ajuda, a incompreensão ante a violência imputada, os rogos ao ser supremo em busca da salvação,  o arrependimento  se por alguma razão ele tenha pensando em não ir, de ter ido apesar desta intuição contrária,  os últimos suspiros, a consciência que a morte está chegando ... E no caso de não chegar a este ponto, os traumas impostos pela violência aplicada, as memórias do acontecido se repetindo indiscriminadamente, o medo que se instaura e que por vezes demora a abandonar a vítima, quando abandona,  por vezes a extensão desta dor continua massacrante pela vida toda,  impondo-lhe além das recordações a possibilidade de reincidência.

 Equiparando-nos ao papel da vítima vemos o quão insensível pode ser o ser humano diante da dor alheia.... ou notar o quão de ódio uma situação aparentemente frívola pode se transformar num verdadeiro filme de terror.  

Em outra situação remetendo-nos ao passado do agressor podemos identificar um desnível comportamental que denunciava a qualquer momento uma deflagração impiedosa deste contra outros. E que certamente havia indícios da sua formulação.

 Devemos evitar pessoas cujo temperamento é marcado pela instabilidade, devemos evitar ambientes em que não podemos contar com ninguém que temos certo convívio, devemos evitar andarmos com aqueles que a primeira vista não demonstram nenhum tipo de reserva ao primeiro contato. Não que estes sejam indícios de um desfecho lamentável, mas sim, porque precisamos ver os riscos numa situação em que o desconhecimento nos deixa vulnerável. 

Jamais devemos confiar cegamente em desconhecidos, é o que aprendemos, não por uma questão de estatística, mas por uma questão de prudência. Se servir de alerta, é necessário que diante de um ambiente que perdure a superficialidade entre iguais precisamos ser explicitamente céticos. Se, embarcamos na conversa de um estranho porque ele é agradável e muito galanteador, se facilitamos o acesso ao nosso espaço pessoal ou se deixamos de dar atenção a situações que sabemos ser perigosas apenas porque confiamos na proteção divina, somos prováveis candidatos a uma situação que pode causar muito arrependimento.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Um rabisco





No trato sentimental
Há um que de irreal
Relacionamento desfeito
Causa estrago no peito

- Você me fodeu a cabeça
Como se entenderia isso?
Se não soubesse a desavença
Que provocou o reboliço

A ânsia da boa conversa
Guardada a 7 chaves
Nem com padre se confessa
Os efeitos da verdade.

Dói, dói, dilacera,  parece uma salada
Muito vinagre acelera, o que da ansiedade
Pouco sal inibe o mal sobre a pressão
A boca saboreia o que dita o coração.

Hoje o sol não brilha
Não voltará a brilhar?
A casa toda úmida
E o eco do coração retumba

Tum, Tum, escuto muito bem
Será um contratempo ou ira além?
Hoje meu sentimento faz uma flor murchar
Esperança que o tempo possa o sentimento mudar

Dito isso dispenso a este mal a atenção
Pra que ele não resolva vim tirar satisfação
E ficar atormentando a quem torturado está
A quem no peito o compasso só parece reclamar

Tum, Tum; Tum, Tum,  bate forte
Como a dor é muito forte
Até parece exagero
Tum, Tum;  depende do tempero.

Quando penso em você: Tum, Tum
Que pretendo não mais ver: Tum, Tum
E no peito uma força que parece ele fechar
O batimento contrito, um rabisco despontar.









quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O ato de falar





"Falo mesmo não passo raiva"
"Se me incomoda falo mesmo"
"Falando o coração açaima."
"E não escuto se não devo"

No falar há tantos motivos
  tantos motivos pra falar
Falar pode ser  lenitivo
Falar pode ser desgrenhar

No falar o coração se desprende
Dos males que nele habita
Guardar mágoas não é enfeite
Enfeite não é cantiga.

Se está muito contrito
Se o sol  parece se por
Procure um ombro amigo
Que seja bom ouvidor.

Pode parar.

Falar ato de se comunicar
Expressar  o feio e o belo
Se não há palavras há engano
E o dano parece singelo

Não há nada mais humano
Do que um ao outro tocar
Um toque pode ser  oceano
Um toque pode ser o  mar.

Quantas palavras ocultamos
Por medo que sejam repelidas
A forma que escutamos
Também provoca feridas.

Ouço palavras ressonando
Palavras que o ouvido captou
Escuto estou escutando
O som que o ar propagou.

São palavras são sílabas
Ditas para se comunicar
Ainda que não proferidas
Para alguém sentido fará.

Fale comigo febril
Dos sentimentos profundos
Compre um novo refil
Toque-me sem medo, bem fundo.

Sou labareda estelar
Sou gelo que quer derreter
Sou o doce do escutar
O tino que quer receber

Fale-me desprovida
Anseio o teu falar
Fale-me intertida
Pra minha sede matar.

Esta no ato de falar
O fogo da razão abrir
Quem não saberá escutar
Quem não saberá  discernir

Ouço vozes ladeando
Ouço o som do eco bom
O som que está propagando
Vem em alto e bom som.

Fale, fale que quero ouvir
Digo,  jamais se cale
Expresse o som do porvir
Antes que seu mundo  acabe.

Fale em silencio
Se o silencio é facundo
Disserte seu compêndio
Da teoria do absurdo.

Só fale, no xingar , no et cetera
No Ato de convergir
No ato de escutar
No ato de sorrir.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Coisa imaginada.





Tantas vezes  caí na mesma trincheira
Destilando interrogações que não consigo
Chegar a uma solução do que,  que é isso.
Que faz desta relação uma caganeira
.
Você é uma dor sem caso
Vive no peito e em tudo que abraço.
Pois  te criei logo coisa imaginada.
Que vive amargando o doce da minha estrada.

Quem diz amar e nunca está presente
Deve ser desumano ou nunca foi gente
Vive instigando a dor sem reflexão.
No outro que vive alimentando a ilusão.

Como se faz se dentro do que sinto
Parece inigualável o sentimento nutrido
Como seria a reciprocidade para você.
Que vê doendo e continua  bater

Quantas horas tem a agonia
Quando longa já são as horas de um dia
Quantas ansiedades serão atropeladas
Até que do amor não se sobre mais nada.


E vai longe a  espera de um oi revidar
Tantos outros ois  que ficaram no ar
Sem nenhuma contemplação
Esperando um  oi para veneração.


E esta constipação bate forte
Bate dolorido até mais que a morte
Atormentando meu fígado e meu rim
Num ser estranho que se gerou em mim.

E  adormeço ou hiberno como queira.
Pra quem bobo qualquer fogo é fogueira.
Que acredita em qualquer explicação
Para não perder  dó ínfimo a dimensão.

E quem me vê diz oculto: o louco
Pois quem me  olha vê que durmo pouco.
No seu espectro vou difamando o mundo
Pois quem me olha não vê que estou no fundo

E vai-se a história você ainda viva
Dentro da memória ainda é ferida
Que mitigando vai se dissipando
E se relembro  ainda causa espanto

E os sonhos colados com fita adesiva
Vão com o tempo para parte indefinida
Que não cola como antes colava
E não encanta como antes encantava.
Mas, ainda é viva.