Ao deitar o dente, sim, incomodava um pouco. Uma dor que
surgira do nada simplesmente se
alojara. Fez-me pensar se estava sendo negligente: mentalizei o dia, rememorei para ver se descumprira o obrigação e cuidados dentais. A dor levou-me
a uma instrospecção como fazemos quando repentinamente algo nos atormenta, tira
nosso sossego cotidiano.
Você chega em casa e aquele clima revela algo no ar, e
seu dia que até então tinha sido um bom dia, desaba subitamente. E aqueles
perguntas clichês vem apurar onde você errou, ainda que o erro nem tenha sido
seu.
Quisera vivêssemos num ambiente de paz e segurança, onde, coisas que tememos abstraem aquilo que
prezamos tanto. Não queremos muito, apenas a felicidade, o problema é que ela
requer tantas coisas. Queremos segurança, queremos bem estar, queremos confiar nas pessoas que nos
cercam, queremos ter uma vida satisfatória.
Aquela súbita dor de dente
desengatilhou um processo de inspeção que comumente fazemos diante de coisas mais
complexas, mas naquele instante em que o aconchego da cama é tão convidativo
aquele imprevisto desatinou toda uma ordem previamente estabelecida pela rotina
diária. A noite de sono estava comprometida. Relembrei minha mãe com o rosto
sangrando ela que saíra de casa tão alegre... Como poderia minutos depois estar
naquele estado. Entramos num estado de fuga, fugiríamos do agressor .
Rapidamente recolhemos aquilo que julgamos necessário e saímos debalde pela
rua, num estado de vigilância alarmante pelo que poderíamos nos sobrevir.
O
dente ali latejando. A noite ia ser longa. Doce não era, a escovação
depois de inspecionado cuidadosamente os dias anteriores não fora negligenciada.
Levantei-me quando a dor tornou-se mais aguda. Fui ao banheiro peguei água oxigenada no volume adequado e fiz um bochecho.
Retornei para cama frustrado. Nenhuma melhora.
A ultima vez que falamos foi
quando decidimos não mais nos vermos. Já faz acho que meses... Antes era
insuportável tanto tempo sem vê-la e como fazia mediante dor, revirava de um lado para o
outro da cama e nada. A noite que era para ser de mansidão tornava-se
aflita. Onde errei, o que foi que nos
afastou, porque simplesmente as coisas acontecem sem que possamos intervir na sua medida, fórmula ou como nos afeta?
Perguntas. Elas despontam em nós mostrando como estamos a mercê do
desconhecido. Como não sabemos nada diante daquilo que nos sobrevém sem aviso.
E são tantas e sobre tão variados temas, sobre tantas coisas que desconhecemos
e que poderíamos agir com mais sensatez se soubéssemos.
Nos braços de Morfeu o
sono traspassou a dor, os pensamentos contrastante, a aflição de não conseguir
descansar, os dilemas confusos que sobressaltaram a mente atormentada... me levando a terra do desconhecido e lá,
parecia que nada tinha importância.
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