A
beleza é o instrumento imprescindível da conquista., e por mais que tenhamos
consciência que ela é efêmera e parte de uma retórica ínfima, cedemos aos seus encantos. Instintivamente ela fala mais alto que a
razão.
Rola
um papo interessante e começa despontar uma química interessante, o casal já
começa sentir os efeitos positivos da conquista, abaixam-se as guardas e o
clima de um futuro relacionamento começa a se formar. Se o encontro foi virtual
e nenhum dos dois imagina como o outro é,
o desenrolar daquele papo envolvente vai depender do que os olhos decidirem. Se for atendida a demanda dos
olhos, uma janela de perspectivas se abrirá, caso
contrário o jogo acaba antes de começar. . Desculpas a parte, sim, a primeira
vista, é a beleza que define se vai rolar ou não. O problema de tudo isso é
que não somos sinceros conosco mesmos. Sempre procuramos subterfúgios morais
para justificar nossas evasivas: alegamos que não rolou química, que não era a pessoa
adequada, que não somos preconceituosos caso seja esta questão. Sim, ninguém é obrigado a se envolver com
ninguém e nenhum relacionamento segue em frente se não houver contratempos que
ponham a prova se o recém sentimento tem alguma consistência ou não. Também é justificável que não havendo boa
vontade inicial forçar uma situação apenas para atender um questionamento
interno não irá ajudar muito. Temos o livre arbítrio de escolhermos com quem
nos relacionarmos. Mas, há sim, um ponto de vista divergente para quem é vitimizado
com desculpas descabidas quando
iniciamos uma conversa que pende para intimidade e que depois ressurge com
promessas de amizades. Principalmente quando de alguma forma umas das partes ficou
remexida .. Não devemos ignorar que é também hipocrisia quando somos pego pelo mesmo engodo, queremos racionalizar
um impedimento, depois de nos mostrarmos dispostos antes de ver a pessoa, mas que depois de vê-la, sentimos uma rejeição
incapaz de frear nosso instinto de recusa. Em outras palavras não podemos insistir
quando o corpo rejeita. Assim como um
alimento que gostamos especialmente, mas a sua aparência ou quem o preparou nos impede de querer
prová-lo. Somos seres complexos e nossos olhos espelham algo mais no intimo
algo que vem de nossas motivações mais intrínsecas. Se não vamos com a cara de
uma pessoa, se seus modos não nos agradam ou se sem motivos algum ficamos
ressabiados é difícil mudarmos esta
inclinação. Aceitamos a amizade, nos dispomos a ser gentis e educados, mas não
nos permitimos uma aproximação romântica
não porque não queremos conscienciosamente e sim porque nossa mente impede tal possibilidade. Para tanto não há o que se
possa fazer diante da situação que nem um nem outro são culpados. Dentro de um
relacionamento queremos o melhor para nós
e queremos dar o melhor de nós a outro. Entendermos que existem
circunstâncias que vão além de nosso critério racional e aceitarmos que estes
são involuntários faz com que aceitemos as motivações alheias ainda que
contrariem as nossas. Porque esperamos
que a nós seja dado o mesmo
direito.