someone lyke you

segunda-feira, 11 de julho de 2016

O jugo e a sentença



E me esmero no seu exemplo
Frio e dissimulado
Vou sofrer um bocado
Mas aprenderei  no devido  tempo

Seus intentos são escabrosos
Me dilacero mas eu posso
Minha alma confinar
Neste jogo de julgar.


Suas atitudes são frias
Se isto me desatina
É porque tenho coração
E extirpá-lo é a solução

Ja aprendi ter  paciência
Para dar-lhe a sentença 
É disciplina e dedicação
Neste jogo de sedução

Se te acuso,  você se esquiva
Por mais que a razão seja assertiva 
Não há julgo pra razão
Que refuta com a  emoção.

Eis que dilacera meu jugo
E quando julgo caio em tentação
Pode o insensato mudar seu rumo?
Pode o aviltado ter compaixão?

Jogue sobre mim o seu jugo
Porque meu fardo é leve
Quando digo que te excomungo
É irresoluto,  passa em breve

Mas,  esmero em seu exemplo
Dizes  assim:  dente por dente
Eu me rendo veemente
E veementemente  me rendo.




Nossas diferenças




Eu quero ser bombeiro diz uma criança admirada com aquele traje e postura que enchem seus olhos.  Não se sabe como se dá,  mas existe um encantamento naquilo que é indefinido ou inexplicável quando se é criança. Aquele menino mudará muitas vezes de profissão abusando de sua cabecinha infantil, mas, isto denota apenas uma fase.  Desde a tenra idade temos uma identidade única e muita vezes causam  estranheza nas pessoas. Uma criança que gosta de brincar com  roupas mais do que qualquer outra coisa, outra que não gosta de jogar bola como a maioria dos garotos, ainda outra  que prefere a companhia dos livros ao invés de brincadeiras infantis pode causar alvoroço. Esta unicidade que causa  estranheza  nos adultos muitas vezes é castradora porque não entendendo esta mágica dádiva do ser diferente tentam a pulso “endireitar” aquele comportamento mal compreendido. Logo surge a questão esta criança é normal?  Sim, somos diferentes e ser diferente não é  anomalia. Certo que existem aqueles que são muito diferentes, como na estória do patinho feio, talvez estes que na infância passam a ser hilarizados, tornam-se pessoas celebres em sua área de atuação quando esta castração não é imposta sem conserto, o que em contrapartida o tornaria  um adulto infeliz.  Não quer dizer que as pessoas comuns aquelas que trilham pelo caminho mais aceitável aos olhos dos outros não terão destaques,  só terão  caminhos menos sinuosos. Também é verdade que nem todos seremos aquilo que almejamos por falta de resiliência, por falta de dinheiro, por falta de motivação, ainda, às vezes,  somos impelidos para caminhos sem escolha como alguém que vai para uma guerra e nunca mais volta, ou volta só que agora a viver sua guerra particular,  sua história foi comprometida por uma guerra que não era sua em nome do patriotismo, autoritarismo ou orgulho não importa, aquilo que decepa esperanças é sempre danoso. Certo também que não sabemos onde estabeleceremos alicerces... Podemos terminar num lugar onde jamais imaginaríamos, correndo atrás dos nossos sonhos e,  nossos sonhos não tem pátria. Nossos sonhos também podem ser rasurados pelo dinheiro, pelo deslumbramento, mas quando a cobiça nos leva onde não derivamos prazer;  ou retomamos nosso caminho ou vivemos infelizes e qual é o motivo de estarmos em sintonia com nossos sonhos? Não é a felicidade? Não é atrás daquilo que nos faz pleno, que nos dá a sensação de estar fazendo algo útil, nossas realizações  que nos deixam mais perto da felicidade?

Nossas diferenças são partes da constituição  que nos faz  ser  o que somos então da próxima vez que ver alguém diferente daquilo que você não está habituado, não caçoe,  não provoque. Lembre-se:  um estampido pode lhe provocar um susto, mas também pode lhe deixar surdo só depende do tamanho do barulho.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

A dor



A dor aperta o coração
Embota a  razão
Quebranta o espírito
Polui o juízo

A dor aguça a estupidez
Obscurece a lucidez
Flerta com  a sorte
Enamora-se da morte

A dor açoita o  ego
Abrasa a didática
Dilacera a lógica
Faz-te cego


O golpe da dor é certeiro
Dilacera seu peito
O deixa á  deriva
Sem vida

A dor  resulta em  ira
Alimenta-a como ninguém
Envenena o amor
Trata ao próximo com desdém.

A dor amofina
Cria duvidosas fantasias
Maculando quem não devia
A dor  judia


Eis o seu rebento
De amargura e aflição
A dor não tem decência
Dentre graves ferimentos
Acusa sem comprovação


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Somos comuns



Olhar com naturalidade  as nossas arbitrariedades requer que não nos julguemos   especiais, não achemos que  temos algum valor além do resto da humanidade e nem que  nos sobressaímos  como indivíduos. Precisamos entender  que não somos  especiais e que nossa dor  não é maior que a  dor dos outros.  Quando sofremos uma desilusão  nosso corpo reage desencadeando reações químicas, liberando hormônios  que  despertam  uma série de sentimentos. Estes na verdade são reações químicas comuns diante daquilo que sentimos. Não se  trata de nós, mas do resultado de uma reação química inerente ao corpo. Mas, não raro, tomamos para nós um processo extremamente comum fazendo de nossa dor o ponto culminante do mundo.  Colhemos o que plantamos. O resultado disso é que se passamos por um momento emocional seja ele bom ou ruim colhemos dele o resultado. Assim como este processo é demasiadamente comum é comum  também, o fato de algum momento de nossas vidas motivados pelos hormônios nos acharmos o máximo, invencíveis e poderosos. Acima do mal. Neste rompante de convencimento achamos que somos inabaláveis até sermos  atingidos por algo que mostra nossa  fragilidade e caímos na real. Somos trazidos a dura realidade da nossa fragilidade e nos prostramos diante do poderio do desconhecido, do imprevisível  e ficamos a mercê da ansiedade porque não sabemos a quem recorrer e não temos o domínio do que vai acontecer.  Se num momento de alegria regozijamos há uma reação orgânica correspondente que motivada pela emoção libera hormônios que reforçam nosso organismo. Noutra feita os hormônios disparados são aqueles que detonam nossa harmonia emocional e física.  Para algumas pessoas este processo torna-se eficazmente delimitador e, por conseguinte causam maiores danos.  Assim diante de uma situação adversa nossa consciência de que nosso corpo reage a nossa situação emocional pode ser o socorro vital para enfrentarmos com dignidade uma situação adversa.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Observando





Trabalho num lugar em que você precisa olhar para o chão para não colidir com as formigas. Não sei mas hoje  por motivos que desconheço notei que todo o percurso que faço a pé é ladeado  por arvores em toda sua extensão e pela diversidade delas me  causou espanto que só hoje  tenha notado.  Não me pareceu comum passar batido por paisagem tão bela, mas,  depois de tanto tempo fazendo o mesmo percurso deixa-se de observar a beleza do lugar.   É como se a abundância e a rotina assim como na vida,  fizesse a gente desobrigar os olhos notarem  coisas belas. Ao imaginar que todas elas têm um nome científico imaginei o trabalho que deve ter dado às pessoas que por paixão classificaram zelosamente cada uma delas.  Durante o percurso que ultrapassa 1 km, costumo notar o abacateiro que de vez enquanto serve-me seus frutos e o pé de goiaba que na época de frutos é bem generoso, mas hoje, hoje exclusivamente  notei árvores frondosas e as que não tão frondosas mas distintas com seus cheiros peculiares. Se fosse mais jovem quando os sonhos ainda eram fantasiosos,  as cumprimentaria como faço com os conhecidos que passam por mim durante minha caminhada, mas hoje   não me atrevo a falar com elas também para não ser confundido como um desequilibrado que fala sozinho, porque como eu, muitas pessoas traçam aquele caminho sem notarem a beleza verdejante  e achariam estranho um comportamento suspeito.  Em frente onde costumam fazer as formaturas e outros eventos existe um exército de pinheiros que são testemunhas de tudo que ali acontece e que  por anos a fio presenciaram  a quantidade de formandos com seus sonhos de uma vida melhor. Hoje, durante o percurso uma borboleta?  Não consegui identificar, ela parecia uma folha que despencava ao chão no  exato momento em que eu  passava,  e para minha surpresa levantou vôo quando pousaria na minha roupa. Pensei em como ser tão frágil pode ser tão belo e talvez por isto usava aquela camuflagem que enganou meus olhos. Como simples acontecimento pode desencadear pensamentos profundos quando o notamos e deixamos nossos pensamentos voarem. A vida não se constitui somente daqueles que se movem e parecem respirar ela é mais ampla do que podemos imaginar se nos permitirmos ver  veremos como o fôlego da vida é ansiado.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

DESEJO



Quem me dera as coisas fluíssem como quero
Eu pudesse escolher a flor que mais anelo
E que tudo acontecesse como sonho
Sem dolo.

Quem dera não ficasse de querela
Esperando o destino ofertar
Ao acaso como quem espera
Em tempo chuvoso o sol brilhar

Noites ansiando sua presença
E vigilante vejo a noite passar
Desabrochando agonia e dissidência
É um suplício divagando esperar

E a espera dolorosa desmedida
Mesmo livre neste calabouço
Entrementes cultuando a perfídia
Naufragando vou ao fundo do poço.

E as palavras antes ditas
Que dantes arqueavam a labareda
Miúdas rareiam o esboço
Num fogo que agora é quase morto