Chama-me atenção como certas
coisas antagônicas andam de mãos dadas e põe-nos confuso quando pensamos sobre
elas. Divagação? É, pode ser. Afinal aprendemos um monte de boas
maneiras, somos instados a usá-las concordemente e conforme ensinados a prática leva a disciplina, não é? Respeito por exemplo é uma palavra que se
fomos dar forma seria elegante, sem
defeitos, empertigada nos tratos com outros até inflexível. E talvez por esta
descrição seria como um sapato justo demais em nossos pés que anseiam um pouco
de espaço para se movimentar livremente. Escuto muitas pessoas queixosas e clamando
para que sejam respeitadas... Ah, claro, respeito é essencial. Queremos que respeitem
nossa individualidade, nossas escolhas, nosso ponto de vista... Bem, e assim
por diante. Mas, assim como precisamos de nossos pés livres para respirar...
Respeito demais atravanca certos feitos... Um casal de namorados influenciados pela paixão de um momento
ardoroso que clama pela audácia fica ressentido se o respeito estiver presente,
e é antagônico porque se passar dá conta,
além do que a outra pessoa quer, dá pinta ao seu anverso: o desrespeito. Imagino que isso se chama conveniência porque
o respeito é pautado pelo que queremos dar e quando queremos dar. Sim, num dado momento você falar algo chulo é
extremamente inapropriado, e noutro é bem vindo como açúcar num café amargo.
Nós seres humanos pensantes vivemos ocultando ou manipulando situações a nosso
bel prazer. Se dado momento estamos sedentos de desejo e nos atracamos ao nosso
objeto de desejo sem nenhuma restrição num momento que a pessoa não está no
mesmo clima, isso é desrespeito, mas se
a situação se inverter aí a definição é
outra. Mas, enfim, como definiremos respeito se ele muda conforme o momento
designado pela nossa conveniência.? No
mínimo confuso. Mas, não é uma incógnita inexplicável porque aprendemos muito
bem a dosar com eficiência a definição do mesmo. A isto damos o nome de bom
senso. O respeito então é manipulável sim, mas nem por isto deixa de ser uma
figura empertigada, conservadora, mas,
com o conhecimento que vamos adquirindo das pessoas conseguimos definir
até onde a palavra vai fazer valer a fina linha que podemos ou não atravessar.
A conveniência certamente é uma figura libertina
e como um capetinha instigante sempre estará nos tentando a ultrapassar nossa
fronteira impeditiva do bom senso... E o engraçado que como crianças, costumamos usar deste expediente com
freqüência... É como você ver um pomar cheio de laranjas estando com muita
sede A sede é sua conveniência e as
laranjas o que matará sua sede. O respeito é o dono das laranjas. A sede o leva
a desejar as laranjas, mas o respeito não esta muito a fim de ver seu pomar invadido
e surrupiado, mas isto não mata sua sede. Então você tramará formas de matar
sua sede. As vezes de formas genuínas e aceitáveis e as vezes lançando mão de argumentos pouco
artodoxos. Esta é a vida!
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