Caso estranho o daquela mulher, o marido havia desaparecido e isto a levou a
abrir uma ocorrência policial. O Delegado muito gentilmente pediu uma descrição
do marido sumido. A mulher pensativa
como se dali ausente balbuciou a
descrição como se ao longe pudesse vê-lo belo e formoso: Alto, moreno, cabelos
negros, olhos cor de mel. O delegado
compadecido, após cumprir o tramite legal, se levantou e como ultimas palavras de consolo se dispôs a dizer que faria todo possível para saber do paradeiro do
homem. Todavia dentro dele não podia
pensar em outra coisa a não ser o obvio para aquela região, o sem vergonha fugira com outra mulher. Não que o conhecesse, mas
naquela cidade pacata, onde o índice de criminalidade era baixíssimo e onde o
que havia de mais atrativo eram as mulheres solteiras, não poderia pensar em
outra coisa senão que o matuto se
engalfinhara certa noite com uma mocinha cheia de fogo e sob seus lençóis fizera
juras de amor e agora mediante os fatos, tudo indicava que fora mais que
juras. Não havia muito a ser feito, mas
ele precisava investigar. Ultimamente não havia nada de interessante e este caso daria alguma credibilidade já que fora nomeado a menos de um ano e ainda nao mostrara nenhum serviço importante. Pensou: um tempero para seus dias que iam pra além de
monótono. Chamou um dos seus auxiliares e relatou o caso pedindo que
perguntasse nas redondezas sob o paradeiro do sujeito.
As investigações corriam solta e o tempo
avançado trouxe várias interrogações.. Todavia, solução nenhuma. O homem fora
visto dia anterior pelo dono do pequeno empório local, tinha sido visto pelos
vizinhos que nada fugia da visão, não pela
especulação. mas pelo tamanho do vilarejo. Nenhuma das jovens solteiras da cidade
havia desaparecido... O casal não tinha filhos o que complicava ainda mais.. Não
havia como se fazer perguntas que de
alguma forma pudesse direcionar o fato para algo mais concreto. A viúva (pretensa viuva) que dantes quase não dava as caras na
cidade agora ainda menos, sua presença quase não era percebida, exceto quando
uma vez por semana se dirigia ao pequeno empório para compras semanais de
mantimentos. O dono do empório que a esta altura havia sido interrogado
casualmente pelo delegado, lamentou o desaparecimento do marido. A moça meio
que entorpecida agradeceu e foi-se quase como sempre fazia. Repentinamente o
homem se lembrou que a última vez que vira o marido desaparecido ele parecia
muito estranho. Lembrou dele ter dito
algo sobre a mulher algo como : ela anda estranha. Fazia pouco mais de 1 ano
que o casal havia mudado para o vilarejo e embora o homem fosse falastrão a
mulher quase não aparecia, excedo a igreja, mas ainda assim muito raramente.
Lembrou também que o homem dissera que as vezes sentia um pouco de medo da
mulher. Aquela história estava pra lá de confusa e o pensamento lhe remoia
angustiantemente. Naquele dia resolveu ir a delegacia contar o caso ao
delegado. Este por sua vez, vendo que suas investigações levavam a lugar nenhum
e os poucos fatos relatados indicavam que havia algo de misterioso no
desaparecimento do homem. Como sumira se ninguém sabia do seu paradeiro ?
Porque ninguém sabia dizer nada sobre a mulher? E porque ela agia tão
estranhamente? Mesmo que a imagem do delegado sempre o levava para aquela noite
onde ela o procurara, ele não tinha outra alternativa a não ser desconfiar
dela. Na manha seguinte uniu sua equipe
e foi até a casa da mulher, faria uma
varredura cabal no local e mesmo que isso significasse ver lágrimas faria seu
trabalho. Mas nada disso foi necessário. Quando chegou a porta estava aberta,
cautelosamente o delegado e seus homens começaram a vasculhar a casa.. quando
enfim alguém gritou do quintal.. O delegado imediatamente correu para o local.
Sob uma cova recentemente aberta estava o corpo da mulher ensangüentado, e mais
abaixo ainda coberto por um pouco de terra, o corpo do marido desaparecido...
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