someone lyke you

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Espere o inesperado



Bem aventurados os que nada esperam porque não serão decepcionados. Esta frase dita por  um ex presidente americano revela o quão prudente é esperar o inesperado.  Em que circunstâncias ele disse isso? Não sei, mas  sei que diante de algumas situações é uma ótima pedida. A mulher sabia que o marido estaria de folga naquele dia e como seu relacionamento não estava lá estas coisas  resolvera que naquele dia de folga   faria algo especial. Planejou dias antes, uma forma de reacender as  chamas arrefecidas do casamento.  Comprou um belo lingerie, um ótimo perfume, preparou um jantar maravilhoso a luz de velas com a comida preferida do marido.  Ela só esqueceu-se de avisá-lo . Ele  tinha outros planos  para aquele dia. Logo cedinho  pegou seu material de pesca e foi pescar com os amigos.  Uma grande  frustração para ela que  esperava tanto daquele dia.  Não raro nos deparamos com situações semelhantes que podem nos frustrar quando esperamos uma ação, quando planejamos algo e não cogitamos que a coisa pode não acontecer como esperamos. Na vida a dois é muito comum ouvirmos casos de frustrações  de um dos cônjuges quando simplesmente a outra parte não age conforme o esperado causando muita dor. Situações bobas que se tornam substanciais simplesmente porque não acreditaram que o  cônjuge poderia  agir de certa maneira:  o  marido que planejou usar  sua camisa preferida mas  que não estava passada , a esposa que esperava uma data ser lembrada e foi esquecida. Coisas ínfimas que se tornam gigantescas quando damos mais do que a devida importância a elas ou quando achamos que o outro foi negligente  ou falto  de consideração naquilo que julgávamos precisar de devida  consideração.  É muito comum ouvir a frase: Não esperava que você agisse assim... Eu mesmo já disse isso várias vezes, ela,  mostra claramente que nossa mente tem uma disposição inflexível para  esperar  uma conduta condizente com nossa vontade.  É uma disposição um tanto egoísta quando delimitamos o comportamento de alguém baseado naquilo que esperamos. Pra  não dizer prepotente  de nossa parte.  Esperar o inesperado é uma forma muito sensata de evitar dizer palavras que  poderiam causar  arrependimento. Um amigo que esbravejava incontinente com o outro relatou o que o fez pedir desculpas. Logo que acabei de falar e vi que ele não esboçou qualquer reação ofensiva, fiquei imensamente envergonhado. Não sei se agiria como ele se fosse ele a falar comigo daquela maneira. Ao perguntar ao outro porque não revidara,  ele respondeu que aprendera a esperar atitudes grosseiras quando as pessoas estão frustradas e que depois da raiva sempre havia arrependimento. Aprendera que ao ficar  quieto ele não teria do que se arrepender e ainda evitaria  um comprometimento ainda maior da amizade.  
Sei que esperar o inesperado não funciona para qualquer circunstância, principalmente quando você precisa de  segurança, amabilidade, compromisso ... Mas é sempre bom esperar que o inesperado esteja presente mesmo em situações que naturalmente não desejaríamos que fosse assim.


domingo, 16 de fevereiro de 2014

Lágrimas



Estou leso
Lânguido recolhido a minha insignificância
Novamente a dança começa urdir
O coração apertado, quase um pobre coitado
A submergir.

Naufrago num copo dagua
Onde nem Pitágoras
Teria solução
Estou sôfrego na  sofreguidão
E meu coração não tem metas
E numa conversa indiscreta
Entre ele e a razão:
Não tem solução para esta questão.

Estou puído
Uma camisa velha tem mais valor
Estou a seu dispor
Diz o roto ao farrapo
Que contrariado diz:
 você é um trapo.

Mediante situação
Classifico-me  um zumbi
Comer, beber e dormir
Nada mais que isso
Estou de serviço.

A dor é a mesma
Muda só a sutileza
Esta dama é da nobreza
E eu plebeu usurpador
Que pensa como plebeu
Que age como plebeu
Um plebeu sonhador

Deu com um burro nagua
Isto é coisa que se fala?
Dor do coração evapora
Condensa-se e espera a hora
Depois cai;
Em forma de lágrimas.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Preciso falar sobre a morte



Ouço todo mundo dizer que é a única coisa certa. Mas vai dizer isso para uma mãe, uma filha, um marido, uma esposa...Não é nada fácil nos rendermos submissos a morte. Não é nada fácil confortamos alguém que perdeu alguém querido.Uma jovem casada que perdera o marido, buscava conforto para sua dor procurando alguém que a ouvisse. O fato de ouvi-la posicionava-me  inteiramente desprovido de argumentos, mediante isso me propus somente  ouvi-la. Estava ali impotente diante de sua dor, mas era tudo que podia fazer. Depois do desabafo ela me agradeceu por tê-la ouvido. Eu que pensava desesperadamente  numa forma de confortá-la fiquei inteiramente surpreso. Ás vezes basta estar disposto a ouvir. Engraçado como  as coisas podem ser  absurdamente simples. Sim, a morte põe  termos a nossos sonhos de vida. Nós sabemos que somos mortais e que um dia teremos que servilmente nos submetermos a ela. Diante da morte  não há vencedor  e não importa quão ilustre a pessoa possa  ter sido, todos aos esbarrarmos com ela perdemos.
Segundo a bíblia a morte foi   introduzida  por intermédio do pecado de nossos primeiros pais Adão e Eva. Deste então a morte tem ceifado vidas indiscriminadamente até que um dia, segundo a bíblia, ela será derrotada.  È fantasioso? Diria que é uma questão de fé. Acreditar que a morte possa ser vencida parece muito irreal eu sei, mas é uma promessa bíblica. Esta promessa é um conforto diante dos desígnios que a morte nos submete,   é uma esperança para aqueles que perderam ente queridos e,  é  um vislumbre de coisas por vir  para aqueles que acreditam.  Entretanto a quem acredite que nunca morremos e que passamos de vida após vida até que encontremos a perfeição... Eu particularmente me apego a esperança bíblica da ressurreição e livramento da morte por intermédio do criador, pois segundo seu propósito original fomos criados para ter vida e tê-la em abundância.
 Confesso que será muito interessante se um dia puder presenciar todas  as  pessoas  adormecidas no  leito de morte levantarem e serem acolhidas por aqueles que num passado remoto choraram amargamente sua partida.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Data de Validade



Final de tarde,  entrei no mercado procurando algo para comer. Algo diferente. Sabe estas vontades que dá, inexplicáveis. Você sente vontade de comer algo que nem ao menos sabe o que é. Pois... este era o meu dia. Na vitrine  onde ficam exposto os produtos para consumo imediato estava ele, o  cobiçado bolo salgado. Parecia bom, a aparência era formidável. Eu o desejei assim que meus olhos toparam com ele ali. Eu não gosto da batata palha, mas ela salpicada sobre aquele recheio fino  esbanjando  frango molhadinho  com maionese, inebriava a minha dieta vegetariana. Meus neurônios estavam ázimo de desejo (brincadeira, trocadilho desnecessário). As portas do mercado tirei-o da embalagem e quando mordi: Azedo! Não é possível! Estava azedo. Nestes casos onde a vontade unida a fome tira a lucidez você não pensa o quanto é importante olhar a data de validade. De súbito pensei num   colega que acabara de ter  um novo ataque cardíaco. Que conexão mais maluca!  Honestamente ? Pensei se como meu bolo salgado  ele não estaria com o seu prazo de validade vencido. Anelei de todo coração que não.  Infelizmente como os produtos que ingerimos, também temos data de validade. A bíblia costuma fixar esta data como  80 anos. Parece razoável, embora duvide muito que alguém queira viver somente isso. Temos um apego natural pela vida que ao pensarmos num dia definido  para a morte  assusta-nos muito. A verdade é que como tudo estamos rotulados como  prazo de validade.  Só não estamos marcados como  os produtos que disferem data de fabricação e data de validade.  O que na verdade nem sei se é bom,  existe uma certa flexibilidade ou se preferir imprevistos que deixam o nosso término em aberto,  isso é dependente dos meios que permeamos, isto quer dizer que ha prazos de validade muito curtos..(Bebes recém nascidos, que partem tão cedo e tanto outros que morrem tão cedo). E  há prazos de validade bem longos,  que chegam a  ultrapassar o  prazo determinado em nosso rótulo.  Como pode ver temos estabelecidos o dia da fabricação mas  não o último dia de validade.  Por outro lado imaginar que somos tão suscetíveis a acontecimentos alheios a nossa vontade imagino que deveríamos vir com uma etiqueta tipo estas de produtos frágeis. . Mas do que adiantaria não é mesmo? Às  vezes foge-nos da compreensão tantas coisas. Fico a imaginar estes malditos ditados que tem tudo a ver  como:   o peixe morre pela boca.  Mas porque mesmo sabendo disso fazemos tantas besteiras?   Acabei devorando o abençoado bolo salgado azedo mesmo. Que droga! Porque às vezes sou tão burro.

Estória sem fim.



Caso estranho o daquela mulher,  o marido havia desaparecido e isto a levou a abrir uma ocorrência policial. O Delegado muito gentilmente pediu uma descrição do marido sumido.  A mulher pensativa como se dali ausente balbuciou  a descrição como se ao longe pudesse vê-lo belo e formoso: Alto, moreno, cabelos negros, olhos cor de mel.  O delegado compadecido, após cumprir o tramite legal, se levantou  e como ultimas palavras de consolo  se dispôs a dizer  que faria  todo possível para saber do paradeiro do homem.  Todavia dentro dele não podia pensar em outra coisa a não ser o obvio para aquela região,  o sem vergonha fugira  com outra mulher. Não que o conhecesse, mas naquela cidade pacata, onde o índice de criminalidade era baixíssimo e onde o que havia de mais atrativo eram as mulheres solteiras, não poderia pensar em outra coisa senão  que o matuto se engalfinhara certa noite com uma mocinha cheia de fogo e sob seus lençóis fizera juras de amor e agora mediante os fatos, tudo indicava que fora mais que juras.  Não havia muito a ser feito, mas ele precisava investigar. Ultimamente não havia nada de  interessante e este caso daria alguma credibilidade já que fora nomeado a menos de um ano e ainda nao mostrara nenhum serviço importante. Pensou: um tempero para  seus dias que  iam pra além de monótono. Chamou um dos seus auxiliares e relatou o caso pedindo que perguntasse nas redondezas sob o paradeiro do sujeito.
 As investigações corriam solta e o tempo avançado trouxe várias interrogações.. Todavia, solução nenhuma. O homem fora visto dia anterior pelo dono do pequeno empório local, tinha sido visto pelos vizinhos que nada fugia da visão,  não pela especulação.  mas pelo tamanho do vilarejo. Nenhuma das jovens solteiras da cidade havia desaparecido... O casal não tinha filhos o que complicava ainda mais.. Não havia como se fazer perguntas  que de alguma forma pudesse direcionar o fato para algo mais concreto.  A viúva (pretensa viuva)  que dantes quase não dava as caras na cidade agora ainda menos, sua presença quase não era percebida, exceto quando uma vez por semana se dirigia ao pequeno empório para compras semanais de mantimentos. O dono do empório que a esta altura havia sido interrogado casualmente pelo delegado, lamentou o desaparecimento do marido. A moça meio que entorpecida agradeceu e foi-se quase como sempre fazia. Repentinamente o homem se lembrou que a última vez que vira o marido desaparecido ele parecia muito estranho. Lembrou  dele ter dito algo sobre a mulher algo como : ela anda estranha. Fazia pouco mais de 1 ano que o casal havia mudado para o vilarejo e embora o homem fosse falastrão a mulher quase não aparecia, excedo a igreja, mas ainda assim muito raramente. Lembrou também que o homem dissera que as vezes sentia um pouco de medo da mulher. Aquela história estava pra lá de confusa e o pensamento lhe remoia angustiantemente. Naquele dia resolveu ir a delegacia contar o caso ao delegado. Este por sua vez, vendo que suas investigações levavam a lugar nenhum e os poucos fatos relatados indicavam que havia algo de misterioso no desaparecimento do homem. Como sumira se ninguém sabia do seu paradeiro ? Porque ninguém sabia dizer nada sobre a mulher? E porque ela agia tão estranhamente? Mesmo que a imagem do delegado sempre o levava para aquela noite onde ela o procurara, ele não tinha  outra alternativa a não ser desconfiar dela.  Na manha seguinte uniu sua equipe e  foi até a casa da mulher, faria uma varredura cabal no local e mesmo que isso significasse ver lágrimas faria seu trabalho. Mas nada disso foi necessário. Quando chegou a porta estava aberta, cautelosamente o delegado e seus homens começaram a vasculhar a casa.. quando enfim alguém gritou do quintal.. O delegado imediatamente correu para o local. Sob uma cova recentemente aberta estava o corpo da mulher ensangüentado, e mais abaixo ainda coberto por um pouco de terra, o corpo do marido desaparecido...