A taça ali sobre a estante
Diz mais do que se pode ver
Tantos vividos ela esconde
Tantos capítulos a dizer
O vinho que doravante hoje
Dentro a taça se acomodou
Tanto segredo esconde
Tanto amor semeou
A taça sozinha na estante
Com o vinho irá se juntar
Se o momento pressupõe-se
Algo pra celebrar.
Mas se não há celebração
Nem um momento pra consideração
Taça e vinho destilarão
Singular sublevação
E quando a taça assenta o vinho
O comum vira divino
A taça e o vinho
Se fundem num êxtase de prazer
A taça é o vinho
Difícil descrever
É um rio sem o leito
Pra água correr
A taça sem o vinho
É o divino sem prazer
A taça e o vinho
Homem e mulher se fundindo
As vezes a mulher é o vinho
Suave, cintilante com aromas inebriantes
As vezes o homem é o caminho
Que muda o paladar do
vinho
A taça que antes menino
Agora é uma mulher
E o vinho que dantes menina
Agora é um homem
E nesta perfeita união
Desde a concepção
Das parreiras que vão se alastrando
Ao vidro que é fundido
Até a distinta
formação
Ambos devidamente concluídos
Um dia, casualmente...
Se encontrarão: a taça
e o vinho.
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