O cara era um crânio. Em sua área era o mais solicitado e sua visão
sobre um problema extremamente complexo era rapidamente resolvido. Era espantosa sua habilidade e admirada até mesmo pelos concorrentes de outras empresas. Qualquer um que o visse diria: Futuro
promissor... Este rapaz vai longe. Mas
se voltarmos a seu passado notariamos que atrás daquela imagem ainda figurava
a imagem de uma criança alarmada, carente, cujos
relacionamentos pessoais quase não existiam e cujo o aspecto primordial de ser
amado e ser feliz estava seriamente comprometido.
Relacionamentos são
fundamentais em todos os aspectos
de nossa vida e a carência de bons relacionamentos são tão prejudiciais como seria a de uma boa nutrição. Poderíamos
dizer que os efeitos para o corpo de uma má alimentação é tão ruim como a
precariedade de bons relacionamentos. Uma velha professora, extremamente
competente na arte de ensino que dedicara parte de sua vida aos estudos, adiara
ter bons relacionamentos pessoais.
Quando a policia bateu na sua
porta com acusações de sedução a menores,
amargou arrependida ter dispensado tanto tempo se preocupando em
ser boa naquilo que almejava com tamanho prejuízo a sua sanidade.
Em todo lugar do mundo, onde tivermos um olhar mais atento veremos que a falta de relacionamentos tem
causado mudança no comportamento das pessoas. Assim, um grande homem de
negócios, admirado por seus subordinados pode nos surpreender com uma notícia
inusitada sobre seu comportamento quando
fora da sua atuante vida profissional.. Um homem que lia uma notícia sobre uma conhecida no
jornal local , indagava: Como ela foi capaz disso? Pudesse ele galgar passos
para os primórdios dos acontecimentos descobriria que todos seus problemas estavam
relacionados ao seu passado. Os pais não lhe davam atenção necessária quando
criança, na escola seus relacionamentos com os amigos eram superficiais,
os namorados pareciam que só queriam usar seu corpo. Quando ela
encontrou aquele homem que lhe dava tudo que a vida parecia ter-lhe negado, ela
deixou de se importar com a lógica, com a moral, com os princípios. Aliás, que
princípios? Princípios que os pais queriam que cumprisse quando eles mesmos não
faziam? Princípios que ela ouvia da boca das pessoas, mas que raramente os viam
exercerem aquilo que suas bocas pronunciavam tão belamente?
A falta de bons relacionamentos causa uma
ruptura no nosso íntimo fazendo-nos procurar em qualquer bar da esquina, num
chat de internet , ou em outro lugar
qualquer, formas para preencher o vazio
que nos torna desconhecidos até para nos
mesmos... Discutia com uma amiga o
declínio da moralidade. Ela que fora
desde criança educada numa determinada igreja, emergia toda indignação com o declínio da moral. Ressaltava com sua razão treinada como as
pessoas caminhavam a beira de um abismo como uma manada desenfreada. Num outro extremo um velho amigo contrastava de sua opinião expondo que aquilo
que ela achava declínio ele considerava uma castração que a religião e a sociedade nos
impunha. Difícil não lembrarmos do nosso espírito crítico alardeando levianamente o comportamento
alheio, mas raramente pensamos no que leva a pessoa a tal disposição. Há pouco
tempo saiu a notícia de um homem que vitimava mulheres solitárias que estavam
dispostas a esvaziaram sua conta corrente em troca do amor do larápio. Mas nossos comentários irônicos
limitam-se a nossa lógica, que ainda a
possuímos, porque não estamos naufragando em meio a nossas carências como elas, porque ao olharmos de
fora enxergamos uma cena patética de um homem esperto ludibriando mulheres tolas.
Mas o que diz o contexto? Empurramos para debaixo do tapete como se não existisse? A questão em si não é esperteza ou falta
dela. Estas mulheres não emburraram, são pessoas bem sucedidas no âmbito
profissional. Então qual a explicação? Relacionamentos. Nossos relacionamentos precisam ser bons,
existentes e plenos. Caso contrário seremos pessoas a deriva onde cada vez mais
vemos pessoas carentes precisando preencher de qualquer maneira este vazio que
as assola. E neste contexto fica difícil descobrir o que nos faz tão brilhantes em uma
área e tão destituídos de luz em outras. Mas certamente se mantivermos bons relacionamentos a história poderá ser outra.
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