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domingo, 8 de dezembro de 2013

Relacionamentos



O cara era um crânio.  Em sua área era o mais solicitado e sua visão sobre um problema extremamente complexo era rapidamente resolvido.  Era espantosa  sua habilidade e admirada até mesmo pelos  concorrentes de outras empresas.  Qualquer um que o visse diria: Futuro promissor... Este rapaz vai longe.  Mas se voltarmos a seu  passado  notariamos  que atrás daquela imagem   ainda figurava  a imagem de  uma criança alarmada, carente, cujos relacionamentos pessoais quase não existiam e cujo o aspecto primordial de ser amado e ser feliz estava seriamente comprometido.
Relacionamentos  são  fundamentais  em todos os aspectos de nossa vida e a carência de bons relacionamentos são  tão prejudiciais  como seria a de uma boa nutrição. Poderíamos dizer que os efeitos para o corpo de uma má alimentação é tão ruim como a precariedade de bons relacionamentos. Uma velha professora, extremamente competente na arte de ensino que dedicara parte de sua vida aos estudos, adiara ter bons relacionamentos pessoais.  Quando a policia bateu  na sua porta com acusações de sedução a menores,  amargou  arrependida   ter dispensado tanto tempo se preocupando em ser boa naquilo que almejava com tamanho prejuízo a sua sanidade.
Em todo lugar do mundo,   onde  tivermos um olhar mais atento  veremos que a falta de relacionamentos tem causado mudança no comportamento das pessoas. Assim, um grande homem de negócios, admirado por seus subordinados pode nos surpreender com uma notícia inusitada sobre seu comportamento quando  fora da sua atuante vida profissional.. Um homem   que lia uma notícia sobre uma conhecida no jornal local ,  indagava:  Como  ela foi capaz disso? Pudesse ele galgar passos para os primórdios dos acontecimentos  descobriria que todos seus problemas estavam relacionados ao seu passado.  Os pais não lhe davam atenção necessária quando criança, na escola seus relacionamentos com os amigos eram  superficiais,  os namorados pareciam que só queriam usar seu corpo. Quando ela encontrou aquele homem que lhe dava tudo que a vida parecia ter-lhe negado, ela deixou de se importar com a lógica, com a moral, com os princípios. Aliás, que princípios? Princípios que os pais queriam que cumprisse quando eles mesmos não faziam? Princípios que ela ouvia da boca das pessoas, mas que raramente os viam exercerem aquilo que suas bocas pronunciavam tão belamente?
 A falta de bons relacionamentos causa uma ruptura no nosso íntimo fazendo-nos procurar em qualquer bar da esquina, num chat de internet ,  ou em outro lugar qualquer,  formas para preencher o vazio que nos torna  desconhecidos até para nos mesmos...  Discutia com uma amiga o declínio da moralidade.  Ela que fora desde criança educada numa determinada igreja, emergia  toda  indignação com o declínio da moral.  Ressaltava com sua razão treinada como as pessoas caminhavam a beira de um abismo como uma manada desenfreada.  Num outro extremo um velho amigo  contrastava de sua opinião expondo que aquilo que ela achava declínio ele considerava uma  castração que a religião e a sociedade nos impunha. Difícil  não lembrarmos  do nosso espírito crítico  alardeando levianamente o comportamento alheio, mas raramente pensamos no que leva a pessoa a tal disposição. Há pouco tempo saiu a notícia de um homem que vitimava mulheres solitárias que estavam dispostas a esvaziaram sua conta corrente em troca do amor do  larápio. Mas nossos comentários irônicos limitam-se a nossa lógica, que  ainda a possuímos, porque não estamos naufragando em meio a nossas  carências como elas, porque ao olharmos de fora enxergamos uma cena patética de um homem esperto ludibriando mulheres tolas. Mas o que diz o contexto? Empurramos para debaixo do tapete como  se não existisse?  A questão em si não é esperteza ou falta dela. Estas mulheres não emburraram, são pessoas bem sucedidas no âmbito profissional. Então qual a explicação? Relacionamentos.  Nossos relacionamentos precisam ser bons, existentes e plenos. Caso contrário seremos pessoas a deriva onde cada vez mais vemos pessoas carentes precisando preencher de qualquer maneira este vazio que as assola.  E neste  contexto fica difícil  descobrir o que nos faz tão brilhantes em uma área e tão destituídos de luz em outras. Mas certamente se  mantivermos  bons relacionamentos a história poderá  ser outra.

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