Vejo muitas pessoas
pronunciando fácil e largamente a
palavra amor. Eu te amo virou algo tão banal (trivial, corriqueiro,
vulgar) que a palavra banal está
banalizada... O amor não é uma paródia sem explicação, sem comprometimento, sem
vontade (volitivo) Não se ama da noite para o dia e amor não é paixão, ok? Mas
se você ainda está intimamente influenciado pelo amor romântico, irá contestar avidamente minha posição
alegando que cada caso é um caso e que você se distingue da maioria das pessoas por ser diferente. Balela!
Nós seres humanos, assim como os animais temos um comportamento
casualmente comum. Nossos impulsos, nossas intenções, nosso comportamento,
nossa postura diante da vida é, não raro,
muito semelhante com a de nossos
semelhantes.(E isso não é redundância) É como se o código genético de nossas
primeiros pais fossem incutidos interinamente em nós. Basta que pra isso observemos os animais... Um cachorro quando vê outro na rua sente-se
automaticamente atraído por ele. Gatos
por gatos. Um jovem quando mira outro automaticamente nota-o distintamente.
Observe um bebê quando tem outro por
perto. Seus instintos parecem ganhar vida. Assim como homens são atraídos espontaneamente
pelo sexo feminino.Essa semelhança entre iguais nos inclui na classe homem
sapiens, coletivamente deixando para nossas particularidades apenas a escolha
de quem permitiremos uma aproximação mais íntima... Esta idéia é muito
diferente de acharmos que somos diferentes e que não estamos suscetíveis a erros e acertos que outros seres humanos
também estão. Comumente ouço pessoas se
sentindo ofendidas quando comparadas a outro ser humano que por suas atitudes
mostraram-se vulneráveis no sentido amoroso e sucumbiram por assim dizer as
suas anticonvicções. Aquilo que era ultrajante até então, passa ser admissível, passa até mesmo a ser
viabilizado por força dos acontecimentos. Isso inclui uma paixão arrebatadora
que deflagra toda lógica que achava ter. Condições morais que cultivava e tinha
como base para suas atitudes, conceitos
aprendidos e instalados como valores dogmáticos são assustadoramente traspassados.
Já ouvi mães alegarem desconhecerem o
comportamento de uma filha quando esta, cegamente apaixonada, agia compulsoriamente alheia a razão... Ou
filhos que entregues à drogas não tinham mais nenhuma característica
reconhecível de quando ainda dispunham do controle sob suas vontades. Ouso
dizer que a declaração abertamente relatada
como sendo diferente mostra o quão imaturo é a forma de pensar da
pessoa. Quando ela acha que heroicamente se torna única em suas atitudes.
O amor é uma haste que precisa ser amplamente
alimentada para que de outro modo não produza frutos ruins, não supra suas
necessidades e fatalmente morra. O amor
precisa ser convocado e precisa estar presente não como num passe de mágica,
mas como algo coerente, implantado por uma vontade consciente nascido da sua
vontade impar de querer amar e ser amado. Existe um conceito* que compara a
falta do amor a um tanque de gasolina vazio. E um conceito muito bem elaborado e que me leva
a crer que quando seco - desprovido da satisfação e plenitude - o ser humano tende
a agir como louco. Biblicamente falando pode-se dizer que quando privado do
amor o homem perde a clareza da lógica
de suas atitudes e fica no limbo de causas perdidas e com um comportamento
totalmente alienado. Talvez seja incompreensível aos olhos dos amantes que
tomados pela paixão ignoram todas as evidências explicitas que seu
comportamento demonstra. Pois sob o efeito limerence, a razão fica sufocada pelos vislumbres da paixão
e ficam numa cegueira atrelada a sua própria incompreensão. Isso não é exclusividade de jovens adolescentes
sem experiências. Até pessoas adultas e já com muitos anos de experiência estão
suscetíveis aos desmandos da paixão e não raro acabam enfiando os pés pelas
mãos. O amor consciente é aquele amor que não
renega suas próprias
necessidades. Ele engrandece a você como a seu parceiro e não te reduz a querer
viver exclusivamente para o ser amado. Não, isso não é amor. O amor é algo mais
nobre. É uma entrega sem esperar
retornos, e dar para receber é fazer esforços em prol da pessoa amada e relegar
seus prazeres a segundo plano. É estender sua capacidade de amar além do
previsível e se doar. Amor não é posse,
mas se for torna-se flexível. Se flexível recua e se recua reconhece, e se
reconhece renasce, se reinventa, se
renova . Pense nisso. Se diante do furacão da paixão ao menos se permitir
pensar, estará a caminho do verdadeiro amor que tem por característica
principal a volição que nada mais é do ser voluntário, concedido e desejado...
Mas nunca imposto como é a paixão.
* As 5 linguagens do
amor – (Chapman)
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