Pensei nas tristes palavras
daquela mulher lamentando todos os 20 anos que tinha vivido infeliz com seu
marido. Uma vida de dedicação, uma vida de labuta e sonhos redimensionados com
expectativas nunca realizadas. Agora, a
ouvindo , tento ver meus próprios caminhos, tento voltar ao passado e rever meus passos, um a
um , tento reviver capítulo por capítulo, revendo ações, revendo conceitos e atitudes. Coisas que poderia ter feito melhor. Ouvindo a dor daquela mulher é tão
oportuno se compadecer e fazer uma
retrospectiva do que vivi. Me dá uma
vontade enorme de pedir desculpas dos meus erros, de voltar no tempo e fazer tudo certo, como no filme “ Efeito Borboleta” ou ainda em
“Feitiço do tempo”, onde o personagem sob encantamento não consegue fazer o
tempo passar até fazer a coisa certa.
Lembrei-me de um feliz autor que dizia
que a vida é a arte de desenhar sem borracha. Não dá pra passar uma borracha quando se erra na vida. O desenho fica com aquela marca indelével e
embora vá se viver uma nova vida onde
todos fazem uma imagem perfeita sobre você, elas não podem ver os traços
errados do desenho do passado. Só você sabe o que realmente é, e , isso também pode ser controverso, pode
acontecer de nem você saber quem realmente é ou poderá vir a ser.. Numa resposta a um questionamento que fiz uma amiga respondeu:
Isto é uma incógnita. Sim, tudo parece uma. Tudo parece tão incoerente e as
vezes tudo parece tão coerente! Retomando a história da minha jovem amiga, o
primeiro pensamento que me veio a cabeça foi: Porque ela esperou tanto tempo
pra se libertar da infelicidade que seu marido a submetia. Parece cruel isso. A pessoa
que você amou a ponto de querer viver com ele pra sempre tornar-se seu algoz...
Não poderia ser o caso dele apenas não conseguir preencher um vazio que no fundo no fundo não
cabia a ele preencher sozinho? Ela tornou-se um poço seco, sem água, um carro sem
gasolina, sua vida tornou-se oca.. Ah,
estou divagando!!! Voltando ao assunto, ela por 20 anos levou sua vida emocional aos
trancos e barrancos esperando que de alguma forma seu marido pudesse encher seu
tanque emocional. Mas depois, mais
introspecto, conclui que não foi por
ele. Ela se sacrificou em nome do lar, dos filhos, da
família, do sonho da felicidade num âmbito familiar. Num
outro anverso resolvi escrutinar a vida do marido déspota. Ele era uma
pessoa ruim? Insensível? Incapaz da percepção da dor alheia? Lembrei-me de uma
ocasião que meu irmão sofreu um acidente.
Emocionalmente eu estava destruído, meu corpo tremia todo com um medo
que não conseguia controlar. Minha mãe chegaria e me daria uma surra porque não
tinha cuidado do meu irmão .Eu era o vilão sem ter culpa alguma. Não estou aqui
defendendo a causa particular de um marido ou esposa, apenas, dizendo que além dos sentimentos da mulher mal
amada, existe o outro lado : um homem
que não soube dar amor a mulher amada. Sim, uma incógnita, pois aquilo que
parece perfeitamente aceitável para um nem sempre é unanimidade.
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