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domingo, 12 de janeiro de 2020

Ser mal.




Eu sou um homem mal-,  profiro.
Soa  estranho tal, a mim mesmo.
Mas, é assim que sinto. Pois é o que entendo por  sombras.
As vezes consigo  olhar pra dentro de mim mesmo e ver.
E ver   minha  imagem  refletida como se diante de um espelho  frente a frente enxergasse o que de fato sou.
É incrível como um espírito abatido transforma nossa visão de um todo.  
Sim a realidade daquele momento. Momento  ímpar que  num tempo oportuno vemos o que de fato somos. Sem compaixão servida num prato fundo para não vermos a olhos crus
Reparo que até quando sem  querer ser,  somos malignos, somos prejudiciais, somos tóxicos.
Por  tóxico pensamos naquilo que envenena. Uma erva daninha que sufoca as demais. ... Ou,  aquilo que do ópio deriva nosso comportamento.
Ser do mal  como o diabo.  Que usa de artimanhas vis para se dar bem. Para conquistar seja  o que for a custa de outros... causando-lhes dor, perdas  ou qualquer outro tipo de prejuízo físico,  moral  e  espiritual.
Ser mal como escorpião. Como uma cobra ... Que sorrateiramente injeta seu veneno  pelo nosso sangue...Quando não esperamos.  
 Como um  ser humano racional  feito para amar  deixa vir a tona   o seu lado maligno?  Como  se fecha os olhos a empatia e lança-se  sobre o mais espectral aspecto da condição  humana. Raiva, desequilíbrio, inferioridade. Um combo  de tudo errado.  Traduzindo alguma coisa mal resolvida, ou um estigma do mal ou quem sabe um abjeto inserido na sua vida medíocre por  meios desnaturais   e imperceptíveis.
Mediante ultraje, dá  até vontade de fugir da responsabilidade culpando o karma... Sina.
Fato é que se naquele momento de reflexão, frente a frente consigo mesmo,  se  olhar verá que o que produz são   frutos  podres, amargos e  nada apetecíveis. 
Diga-me para que serve um fruto podre? Senão para voltar para terra e alimentar seres que não nos importamos.
Não sei até que ponto a maldade está relacionada com a autopiedade, mas, esta. Imagino.  
Parece andarem sempre juntas. E  a espreita. Como Caim, perante Abel... Lado a lado, juntos. O segundo tão bem disposto e cheio de amor -  o primeiro se definhando pela disposição  do outro...Um ódio viril devastador. Arrebatador.  Cego sem ver as suas próprias qualificações ofuscadas pela ira. Que  sua concupiscência transforma em  toxicidade  os laços fraternos,   por sua mente torpe que desgrenhada o forçava  a olhar pelo lado insano.  Uma fúria tão lastimável e inconsequente que nada vê  além dos seus tormentos que embriagam sua lucidez e faz as qualidades alheias tornarem-se  incandescentes fagulhas do mal e que ofuscam em si algo que deveras pareceria ao outro qualidades.
O mal que cega, mas que  quando consumado  reprova, recrimina, dilacera. 
 Assim nasce a  autopiedade... Que quando desengatilhada vira-se  contra Deus... Por permitir tal dissertação. Tal feiura.
Vejo em mim o mal nas ações impensadas.  Se sinto prazer na dor alheia não sou um homem feito para amar  mas, se causo dor porque dela derivo prazer, sou uma imitação sádica de um deus. Denominação espúria do poder  cujo sangue asperge aquilo que pratico.
Todavia, o mal  que habita em mim, é assim, uma reflexão. Quando  frente a frente  vejo meus atos, meus hiatos e pronuncio:  sou mal. 
O Mal que  existe aos montes em forma de tratos que desvinculam a ação da intenção, da causa aos seus efeitos.... e que diminui o espaço entre a coragem e o medo, entre o amor e o ódio e entre o que é humano e o que é animalesco.  
 E  é neste vão diminuto onde a essência daquilo que somos escorrega e vai causando.

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