Eu sou um homem mal-, profiro.
Soa
estranho tal, a mim mesmo.
Mas, é assim que sinto. Pois é o que
entendo por sombras.
As vezes consigo olhar pra dentro de mim mesmo e ver.
E ver
minha imagem refletida como se diante de um espelho frente a frente enxergasse o que de fato sou.
É incrível como um espírito abatido
transforma nossa visão de um todo.
Sim a realidade daquele momento. Momento ímpar que
num tempo oportuno vemos o que de fato somos. Sem compaixão servida num
prato fundo para não vermos a olhos crus
Reparo que até quando sem querer ser, somos malignos, somos prejudiciais, somos
tóxicos.
Por tóxico pensamos naquilo que envenena. Uma
erva daninha que sufoca as demais. ... Ou, aquilo que do ópio deriva nosso comportamento.
Ser do mal como o diabo. Que usa de artimanhas vis para se dar bem.
Para conquistar seja o que for a custa
de outros... causando-lhes dor, perdas
ou qualquer outro tipo de prejuízo físico, moral e espiritual.
Ser mal como escorpião. Como uma cobra ...
Que sorrateiramente injeta seu veneno pelo nosso sangue...Quando não esperamos.
Como um ser humano racional feito para amar deixa vir a tona o seu
lado maligno? Como se fecha os olhos
a empatia e lança-se sobre o mais
espectral aspecto da condição humana.
Raiva, desequilíbrio, inferioridade. Um combo
de tudo errado. Traduzindo alguma
coisa mal resolvida, ou um estigma do mal ou quem sabe um abjeto inserido na
sua vida medíocre por meios desnaturais e
imperceptíveis.
Mediante ultraje, dá até vontade de fugir da responsabilidade
culpando o karma... Sina.
Fato é que se naquele momento de reflexão,
frente a frente consigo mesmo, se olhar verá
que o que produz são frutos
podres, amargos e nada
apetecíveis.
Diga-me para que serve um fruto podre? Senão para voltar para terra e alimentar seres que não nos importamos.
Diga-me para que serve um fruto podre? Senão para voltar para terra e alimentar seres que não nos importamos.
Não sei até que ponto a maldade está
relacionada com a autopiedade, mas, esta. Imagino.
Parece andarem sempre juntas. E a espreita. Como Caim, perante Abel... Lado a
lado, juntos. O segundo tão bem disposto e cheio de amor - o primeiro se
definhando pela disposição do outro...Um
ódio viril devastador. Arrebatador. Cego
sem ver as suas próprias qualificações ofuscadas pela ira. Que sua concupiscência transforma em toxicidade os laços fraternos, por sua mente torpe que desgrenhada o forçava a
olhar pelo lado insano. Uma fúria tão
lastimável e inconsequente que nada vê além dos seus tormentos que embriagam sua
lucidez e faz as qualidades alheias tornarem-se
incandescentes fagulhas do mal e que ofuscam em si algo que deveras
pareceria ao outro qualidades.
O mal que cega, mas que quando
consumado reprova, recrimina, dilacera.
Assim nasce a autopiedade... Que quando desengatilhada vira-se contra Deus... Por permitir tal dissertação. Tal feiura.
Assim nasce a autopiedade... Que quando desengatilhada vira-se contra Deus... Por permitir tal dissertação. Tal feiura.
Vejo em mim o mal nas ações impensadas. Se sinto prazer na dor alheia não sou um homem feito para
amar mas, se causo dor porque dela derivo prazer, sou uma imitação sádica de
um deus. Denominação espúria do poder cujo sangue asperge aquilo que pratico.
Todavia, o mal que habita em mim, é assim, uma reflexão.
Quando frente a frente vejo meus atos, meus hiatos e
pronuncio: sou mal.
O Mal que existe aos montes em forma de tratos que
desvinculam a ação da intenção, da causa aos seus efeitos.... e que diminui o
espaço entre a coragem e o medo, entre o amor e o ódio e entre o que é humano e o que é animalesco.
E é neste vão diminuto onde a essência daquilo
que somos escorrega e vai causando.
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