someone lyke you

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Leviandade



Deitei-me sobre cama arquitetada
Da luxuria e ambíguos desejos
Nos braços da morte acocados
Sentindo a língua do vento
Pus-me  sobre seu leito  arquitetado
Pensando nos deleites e proventos
Vi-me sobre o céu acinzentado
Fato que não apaga o tempo.

Provei destemido o pecado
Em curvas e silhuetas gemendo
Tornei-me um pobre coitado
Açoitado sem dó nem lamento

Fiz juras das mais veementes
Num tempo de tardia reflexão
Estou sendo dilacerado
Lamentando terrível  pecado
Uivando no boqueirão

Paira no ar um clima de viés agonia
Dilacerando tudo por dentro    
Desespero no final do dia
Pensando naquele rebento.
Ai, quem dera este pecado,
Ficasse apenas marcado
Num conto ingênuo momento
Serei  crucificado,
Por este advento?

Arrependo-me do  instante insano
Leve prosa,  real dano
O meu coração quebrantando
Almejando um engano.

Os profanos lamentam a dor
Na hora que a dor vier reclamar
Falsa memória, falso pudor
Vier como navalha cortar..

Os monstros que vivem em  mim
Rufam  em eterna compaixão
Serei desmascarado enfim?
Como lúgubre constatação.
Da iniquidade exacerbada,
Da falta de afeição
Da empobrecida perspicácia
E da falta da razão.

Quantas vezes me porão sob mira de fogo
Enfrentando novamente o pelotão
Haverá um corpo tombado
Ou amanhecer num covil de leão?
Oh, por favor,  clamo aos céus
Esperando a clemência de Deus.
Subjugado pelos próprios desejos
Lamentando pelos seus.

Submisso ao próprio desejo
Esfolado em deprimente posição
Esperando que o ciclo de repente
Se esparrame pelo chão.
 E não brote a semente do pecado
Que não aja constatação
Que não aja pranto derramado
Nem verberação..
Nem lamentos misturados
Com ódio e incompreensão.

Mais uma vez prostrado
Arrependido desfalecendo
Um ato desregrado
Traz  dor e lamento.





quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Desabafo



Pensei nas tristes palavras daquela mulher lamentando todos os 20 anos que tinha vivido infeliz com seu marido. Uma vida de dedicação, uma vida de labuta e sonhos redimensionados com expectativas nunca realizadas. Agora,  a ouvindo , tento ver meus próprios caminhos, tento  voltar ao passado e rever meus passos, um a um , tento reviver capítulo por capítulo, revendo  ações, revendo conceitos e atitudes. Coisas  que poderia ter feito melhor.  Ouvindo a dor daquela mulher é tão oportuno  se compadecer e fazer uma retrospectiva do que vivi.  Me dá uma vontade enorme de pedir desculpas dos meus erros,  de voltar no tempo e fazer tudo certo,  como no filme “ Efeito Borboleta” ou ainda em “Feitiço do tempo”, onde o personagem sob encantamento não consegue fazer o tempo passar até  fazer a coisa certa. Lembrei-me de um  feliz autor que dizia que a vida é a arte de desenhar sem borracha. Não dá pra passar uma borracha  quando se erra na vida.  O desenho fica com aquela marca indelével e embora vá se  viver uma nova vida onde todos fazem uma imagem perfeita sobre você, elas não podem ver os traços errados do desenho do passado. Só você  sabe o que realmente é,  e , isso também pode ser controverso, pode acontecer de  nem você saber  quem realmente é  ou  poderá  vir a ser.. Numa resposta a  um questionamento que fiz uma amiga respondeu: Isto é uma incógnita. Sim, tudo parece uma. Tudo parece tão incoerente e as vezes tudo parece tão coerente!  Retomando a história da minha jovem amiga, o primeiro pensamento que me veio a cabeça foi: Porque ela esperou tanto tempo pra se libertar da infelicidade que seu  marido a submetia. Parece cruel isso. A pessoa que você amou a ponto de querer viver com ele pra sempre tornar-se seu algoz... Não poderia ser o caso dele apenas não conseguir  preencher um vazio que no fundo no fundo não cabia a ele preencher sozinho? Ela  tornou-se um poço seco, sem água, um carro sem gasolina, sua vida  tornou-se oca.. Ah, estou divagando!!! Voltando ao assunto, ela  por 20 anos levou sua vida emocional aos trancos e barrancos esperando que de alguma forma seu marido pudesse encher seu tanque emocional. Mas depois,  mais introspecto,   conclui que não foi por ele.  Ela  se sacrificou em nome do lar, dos filhos, da família, do sonho da felicidade num âmbito familiar.  Num  outro anverso resolvi escrutinar a vida do marido déspota. Ele era uma pessoa ruim? Insensível? Incapaz da percepção da dor alheia? Lembrei-me de uma ocasião que meu irmão sofreu um acidente.  Emocionalmente eu estava destruído, meu corpo tremia todo com um medo que não conseguia controlar. Minha mãe chegaria e me daria uma surra porque não tinha cuidado do meu irmão .Eu era o vilão sem ter culpa alguma. Não estou aqui defendendo a causa particular de um marido ou esposa, apenas,  dizendo que além dos sentimentos da mulher mal amada, existe o  outro lado : um homem que não soube dar amor a mulher amada. Sim, uma incógnita, pois aquilo que parece perfeitamente aceitável para um nem sempre é unanimidade.