Chegou na festa e
não viu rostos conhecidos, logo um certo desconforto o tomou de pronto. Rostos
sem familiaridades são estranhos. Pessoas bonitas e bem vestidas não melhoram aquela
sensação de peixe fora d´agua. Ali, só estranhos da mesma espécie. Sem valor ambiental representatividade é zero. O desconforto é a premissa quando não ambientado e para pessoas que a timidez faz volume diante do desconhecido desconforto dobrado.
Deu uma geral no ambiente procurando pessoas interessantes. Fluía aquelas conversas em grupos por afinidades? Esperava que a qualquer momento alguém conhecido salvaria a festa só pelo fato de aparecer. E apareceu. Logo um sorriso espelhou seu rosto.
Depois daquele outro e mais outro. Mergulhou a passos largos ao encontro que não diria, mas, eram mais que esperados.
Estranhos causam-nos certa apreensão enquanto estranhos. Situação remediada quando deixam de ser. E quando você está com disposição para tal.
De jogar conversa fora de fazer aquele teatro exaustivo. Necessário mais do que exaustivo. Aquele dia porém não queria teatro, encenação, só queria rostos familiares. Até dos chatos. Afinal um Diego é mais familiar que um fulano de tal.
E pra falar a verdade aquele carinha da matriz metido que só, ainda é mais desestimulador. Por isto, você critica seus parâmetros sociais. Convenções nem existem para este tipo de situação então a criamos na nossa cabeça. A confiança anda meio abalada é verdade, mas num circo você vai pra dar umas risadas. Isso remete a como somos afetados muito mais por conhecidos desconhecidos do que por desconhecidos nunca vistos. Morreu fulano de tal? Afeição zero. Mas, se morreu o Diego que você trabalha embora nunca trocou uma palavra o peso é maior. É estranho isso. Mas, é assim. A gente não se importa muito com estranhos numa festa. A não ser que ela tenha um par de pernas invejável e uma comissão de frente iluminadora ou, alguém que pode acrescentar um bônus na sua conta bancária.
Já me senti bem mal por meu cachorro ter mais valor que a maioria das pessoas. Foi mal pessoas! Mas, não dá para ignorar que ele é meu cachorro. Pronome possessivo.
Como é que de repente estreitamos animais com pessoas? Se de um lado trata-se de alguém que tem alma, espírito, corpo e mente. Sim, eu sei, cachorro tem quase tudo, mas ainda assim, é um animal irracional. Se bem que um cachorro nunca me causou nenhuma reação reativa a não ser raiva quando seu latido avança os decibéis suportados sem você pirar. Seres humanos já não fazem jus ao mesmo.
Ainda assim, quando pairo com uma notícia de centenas de vítimas e pareço mais como bloco de gelo é constrangedor. O cachorro do patrão do meu colega que o diga. Soltaram rojão na sua morte. Deus o tenha. Ah! Talvez a diferença é que cachorro não vai pra o céu e nós achamos que vamos. Ou para o inferno.
A morte seja em qual roupagem se
apresenta será sempre uma estranha e indesejada. E caso nos convide para uma festa não desejaremos ir não. Como boa desconhecida ela sempre será aclamada,
anunciada e não desejada.
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