someone lyke you

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Divagação na festa.



Chegou na festa e não viu rostos conhecidos, logo um certo desconforto o tomou de pronto. Rostos sem familiaridades são estranhos. Pessoas  bonitas e bem vestidas não melhoram aquela sensação de peixe fora d´agua. Ali, só estranhos da mesma espécie. Sem valor ambiental representatividade é zero.     O desconforto é a premissa quando não ambientado  e para pessoas que a timidez faz volume diante do desconhecido desconforto dobrado. 
 
Deu uma geral no ambiente procurando pessoas interessantes.  Fluía  aquelas conversas em grupos por afinidades? Esperava que a qualquer momento alguém conhecido  salvaria a festa só pelo fato de aparecer. E apareceu.  Logo um sorriso espelhou  seu rosto.  Depois daquele outro e mais  outro. Mergulhou a passos largos ao encontro que não diria, mas,  eram mais que esperados.
 
 Estranhos causam-nos certa apreensão enquanto estranhos. Situação remediada quando deixam de ser. E quando você está com disposição para tal.
    De jogar conversa fora de fazer aquele teatro exaustivo. Necessário mais  do que exaustivo. Aquele dia porém não queria teatro, encenação,  só queria rostos familiares. Até dos chatos.  Afinal um Diego é mais familiar que um fulano de tal. 
 E pra falar a verdade aquele carinha da matriz metido que só,  ainda é mais desestimulador. Por isto,  você critica seus  parâmetros sociais. Convenções nem existem para este tipo de situação então a criamos na nossa cabeça. A confiança anda meio abalada é verdade, mas num circo você vai pra dar umas risadas.  Isso remete a como somos afetados muito mais por conhecidos desconhecidos do que por desconhecidos nunca vistos.  Morreu fulano de tal?  Afeição zero. Mas,  se morreu o Diego que você  trabalha embora nunca trocou uma palavra o peso é maior. É estranho isso. Mas, é assim. A gente não se importa muito com estranhos numa festa. A não ser que ela tenha um par de pernas invejável e uma comissão de frente iluminadora ou,   alguém que pode acrescentar um bônus na sua conta bancária. 
 
Já me senti bem mal por meu  cachorro ter mais valor que a maioria das pessoas. Foi mal pessoas!  Mas, não dá para ignorar que ele é meu cachorro. Pronome possessivo. 
 
Como é que de repente estreitamos animais com  pessoas? Se de um lado trata-se de  alguém que tem alma, espírito, corpo e mente. Sim, eu sei, cachorro tem quase tudo, mas ainda assim, é um animal irracional.  Se bem que um cachorro nunca me causou nenhuma reação reativa  a não ser raiva quando seu latido avança  os decibéis suportados  sem você  pirar.  Seres humanos já não fazem jus ao mesmo.
 
  Ainda assim, quando pairo com uma notícia de centenas de vítimas e pareço mais como bloco de gelo é constrangedor. O cachorro do patrão do meu colega que o diga. Soltaram rojão na sua morte. Deus o tenha. Ah!  Talvez a diferença é que cachorro não vai pra o céu e nós achamos que vamos. Ou para o inferno.  
 
   A morte seja em qual  roupagem se   apresenta será sempre uma estranha e indesejada. E caso nos convide para uma festa não desejaremos  ir não.  Como boa desconhecida ela sempre será aclamada,  anunciada e não desejada.
 

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