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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Um mistério intrigante







A moça era de uma inteligência admirável... Sempre se destacando em tudo que participava... Na dança que praticava deste criança se destacava, na escola era a melhor da turma. Era notória em línguas estrangeiras e formidável na língua mãe, no esporte que praticava era a líder e a principal jogadora sem contar no grupo de amigos que era tão bem quista   e a admiravam tanto.  No entanto quando começou namorar não viu o perigo a sua volta... Todas evidências do mau-caratismo do pretendente não foi notado apesar das evidências estarem ali para todo mundo ver. Enfim até mesmo quando tudo veio à tona ela ainda procurava meios  para justificar as atitudes pouco louváveis do mesmo. 
 O que há conosco quando se trata de nossas paixões?


Nossa racionalidade ás vezes anda contrário até contra o bom senso. O vilão?  Nossas paixões. E não estou falando da forma mais escancarada que é a aquela que logo nos chama atenção.  Estou generalizando. Sim, se temos paixão pelo nosso time, se ela é por um partido político, ou uma causa... se ela pende para o lado científico ou religioso... parece sempre nos desprover  da razão. Por ela a racionalidade refuta o que está claro e cristalino... ah, ta, talvez não tão escancarado a ponto de enxergarmos que estamos sendo incoerentes com as evidências.  Se tomamos um partido ou um caminho convictos que ele é o mais acertado retrocedermos  torna-se ameaçador. Reconhecer que erramos ?  Não é tão simples assim.  Quando depositamos nossas fichas e quando começamos a ver que as coisas não estão saindo como deveria, admitir que erramos torna-se  algo além do   racional... além daquilo que podemos aceitar... Por que?  Não é simplesmente reconhecer que erramos?  Para nossa complexidade não. Somos compelidos a refutar, justificar e desvalorizar nossos próprios valores, o que dá origem a muitos questionamentos sobre nossa sanidade: Fulano não fez isso. Não, não posso acreditar.  Sério, ela acreditou naquele sujeito, dizem após saberem a forma como perdeu suas economias.  

 Nossas paixões e apostas desestruturam nossa objetividade e nossa coerência se olhar pelo prisma de se estar fora do acontecido ou seja se você é apenas um espectador.  Explico: se lhe contarem a história e você  tiver que opinar em  uma situação hipotética, mas claramente racional você sem pestanejar daria a resposta considerada racional, mas sendo você a personagem real envolvida,    simplesmente acolherá razões que a própria razão desconhece...  Seus pivôs de conduta que sempre orientaram e que você julgava serem intransponíveis perdem totalmente o embasamento.  A mulher que julgava de pés juntos nunca se envolver com um homem casado parece estar mais vulnerável que ela pensa quando se vê a volta com esta situação batendo a sua porta.  Enfim, um dia se vê apaixonada pelo temido, e tudo o que ela repudiava e que tantas vezes torceu o nariz quando uma amiga cedeu aos clamores da paixão, aos seus olhos agora são compreendidos e seus valores são varridos para debaixo do tapete como se nunca fossem empecilhos para coisa alguma, aliás,  estes valores são trancafiados dentro de um cofre a sete chaves para não serem de forma alguma um afrontamento emocional. Em outras palavras, valores tornam-se quinquilharias. Nada pessoal.


Embora enfatizando a paixão carnal ela se alastra a todo tipo.  De repente uma conduta arbitrária e impositiva pode ser justificada como irrelevante. Sem o menor cunho com o qual evidentemente está relacionado. Você  provavelmente enxergaria isto se não houvesse um envolvimento passional. Ah, mas, isto é melhor que aquilo justificaria o debutante. Sim, o viés do sacrifício mediante o que não toleraríamos em qualquer outra circunstância.  "Eu nunca que abandonaria  meus filhos por causa   de um homem...." Até que ardeu pro seu lado e você subitamente passa a levantar o pendão que julgava nauseante, inadmissível, desumano e desnatural. 



Digo que há um perigo iminente  quando tudo é justificado pela sua despretensão em fazer o mal, quando se justifica que suas intenções eram as melhores possíveis, quando segundo seu coração o mal é necessário para um objetivo maior, quando em nome da pureza da sua alma você se tornou vítima da ocasião que você jamais em hipótese alguma teve maldades ou desejou  magoar ou atingir um inocente ou desvirtuar uma causa.  Quando julga seu amor tão lindo e desprovido de qualquer mal e você é inocente pois suas intenções são puras e honestas  fazer o mal parece justificável. Sofrer em nome do que é correto, jamais. Dar um ponto final naquilo que te faz tão bem embora está evidentemente anunciado que é errado, nunca.  Como o escorpião que ao prometer para o pato que não o picaria pois isso significaria morte para ambos o faz justificando que esta era sua natureza. 


 Sim, é muito intrigante porque nos desprovemos do nosso maior diferencial em nome da.... Parece até simplório dizer paixão já que as consequências são demasiadamente maiores do que dela esperamos. 


O problema  é que neste estado estamos imunes a sentimentalidade empática, entorpecidos pelo: eu estou tão feliz, ou estou correto, blindado com: estes fulaninhos são tão abestalhados que não conseguem enxergar,  atropelamos tudo até tantos outros valores que deveriam vigorar quando  hipoteticamente estamos bêbados e fomos responsáveis por  um acidente gravíssimo e nossa principal preocupação é,  quantos pontos perderemos na carteira.

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