someone lyke you

terça-feira, 24 de abril de 2018

A formiga





Eu não conheço nada sobre ela... Onde nasceu, quem eram  seus pais, sua origem e o que pretendia.

Só sei que vendo o que via,  só chegava a uma conclusão: cometeria suicídio. Isso era evidente.  Olhava  seu pequeno corpo carregando  aquela imensa folha com pelo menos 4 vezes seu tamanho que dificultava muito sua locomoção  e a direção que rumava, ah, era certo, seria fatal. Passei por ela as pressas e quase que instantaneamente calculando o desastre.  Deveria por acaso interferir no desfecho que presumia?  Quer dizer se a salvasse, se a pegasse e mudasse sua direção ou retirasse aquele fardo dos seus ombros, ajudaria de alguma forma?  Quem garantiria que novamente ela não se poria no iminente risco cujo final  eu podia prever?  Segui meu rumo, imaginando a cena... A rua que ela começava a atravessar era movimentada, carros passando ininterruptamente e ela a torto e a direito desafiando o imensurável e poderoso  desfecho: chance zero  de sobrevivência. Sim, um homem racional sem a posse da visão, a dela era obstruída pela folha,  teria alguma chance, não ela. Aquele pequeno ser insignificante ser estava com seus dias,  que já  poucos, contados. A minúscula formiga  na sua jornada, cumprindo suas obrigações dos quais não sei porque tomava aquela direção estava à beira do seu abismo. 

Nada parecido com os passos tomados por nós seres humanos sabidos, sabudos, sabichões que sabemos sempre que  direção tomar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário