someone lyke you

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Enigma!




Eu não podia ver. Apenas ouvir. Voz masculina e feminina.  O Assunto  era nebuloso, quase inaudível.   Ouvir era preciso embora não fosse nenhuma bisbilhotice. Estava ali ao lado e as paredes têm ouvidos. -  Passo   álcool? Perguntou  a voz masculina. A voz feminina murmurou algo.  Estendeu-se entre os falantes uma conversa de sussurros definidas apenas pela diferença de graves e agudos. Até que de identificável  surgiu um  óooooo! Quando alguém faz bem uma missão dada.  Da voz feminina.     Só me dei conta do que se tratava quando o gorgolejar  da água  se ajeitou dentro  do  recipiente: o bebedouro.

terça-feira, 24 de abril de 2018

A formiga





Eu não conheço nada sobre ela... Onde nasceu, quem eram  seus pais, sua origem e o que pretendia.

Só sei que vendo o que via,  só chegava a uma conclusão: cometeria suicídio. Isso era evidente.  Olhava  seu pequeno corpo carregando  aquela imensa folha com pelo menos 4 vezes seu tamanho que dificultava muito sua locomoção  e a direção que rumava, ah, era certo, seria fatal. Passei por ela as pressas e quase que instantaneamente calculando o desastre.  Deveria por acaso interferir no desfecho que presumia?  Quer dizer se a salvasse, se a pegasse e mudasse sua direção ou retirasse aquele fardo dos seus ombros, ajudaria de alguma forma?  Quem garantiria que novamente ela não se poria no iminente risco cujo final  eu podia prever?  Segui meu rumo, imaginando a cena... A rua que ela começava a atravessar era movimentada, carros passando ininterruptamente e ela a torto e a direito desafiando o imensurável e poderoso  desfecho: chance zero  de sobrevivência. Sim, um homem racional sem a posse da visão, a dela era obstruída pela folha,  teria alguma chance, não ela. Aquele pequeno ser insignificante ser estava com seus dias,  que já  poucos, contados. A minúscula formiga  na sua jornada, cumprindo suas obrigações dos quais não sei porque tomava aquela direção estava à beira do seu abismo. 

Nada parecido com os passos tomados por nós seres humanos sabidos, sabudos, sabichões que sabemos sempre que  direção tomar.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Voltas.



Ai, ela... Como explicar
Faz parte do passado, mas bem presente está.
Desfila em minha cabeça, um tempo inteiro
Como evitar o que há tempos é desejo.

Ah, ela, é tão singular.
Um sorriso espaçoso que faz gosto notar
Um jeito gostoso que me pega de jeito.
Que traz ao meu corpo um fogo sedento.

Difícil não querer estar com ela.
Difícil esquecer o sorriso dela.
As vezes , em elevo, desejo com outra estar.
Mas  nela  me iludo  e  fixo o meu olhar.

Um dia ela me deixou por outro
E todo meu corpo entrou em alvoroço
Fazendo a raiva meu coração tomar
Xingando, lamentando,  o que era de esperar.

Desci ao inferno onde outros já tiveram
Busquei consolação onde outros se refizeram
Conheci um lado negro da alma em desalinho
E a mente  diabólica florescia com espinhos.

A luz não alcançava o buraco que estava.
Quanto mais eu me perdia mais o buraco aumentava
Fiquei no caos recluso procurando a sua mão
E você no seu caminho refestelando o coração.

O caos você conhece destrói tudo.
O que te obriga a refazer o seu mundo
Quando menos se espera aparece uma flor
Num campo duro e minado contrariando sua dor.

Refaz, refaça tudo a esperança é bem vinda
O sal do desamor também cura feridas.
E ela em desalinho tomando o mesmo fel.
Às vezes é o inferno que te leva pro céu.