Acontece de você não estar mais
no mesmo canal que a outra pessoa. Ou
você ama e já não é amado ou não ama embora ainda amado. Mas o que acontece até
chegar neste processo?
Há um ditado que diz que o coração
dita regras que a razão desconhece. Sim, faz sentido. Fato é que motivado por
esta incompreensível força vinda do coração as pessoas deixam de se amar. Claro que isto não acontece como um click numa lâmpada, e talvez não sem a força da razão
como gostaríamos de acreditar. Apenas não
temos consciência que nossos impulsos mais secretos surgem pelo trabalho mútuo
da razão e nossas recônditas motivações. Mas, para nós que temos a tendenciosa
mania de não admitirmos francamente que temos fraquezas colocamos um véu sobre nossos olhos
e manipulamos nossas verdadeiras inclinações para que possamos sair incólumes ou sem o peso da culpa. Admitimos que é horrível o preconceito mas, admitir em voz alta
que somos preconceituosos é outra coisa. Isso macula a imagem complacente que
temos de nós mesmos e como repudiamos o preconceito não admitiremos tê-lo. Assim,
este filtro oculto das nossas tendências determinam o rumo que
iremos seguir... Influenciando nossas decisões. Não enxergamos este
processo e compactuamos com nossos atos inconscientes como sendo vontade
aleatória do coração, que não tendo dele
as rédeas nos impõe a penúria de não mais sentirmos o sentimento que nos
motivava na relação. O processo é quase invisível porque em sã consciência não
manipularíamos outro ser humano sabendo que isso lhe causaria dor somente para continuarmos sendo amados com sua constante solicitação. Não faríamos coisas
que magoam, que diminuem o próximo. Não tolheríamos sua liberdade, não a prenderíamos
numa teia de acusações e possessibilidade e nem
tampouco faríamos proveito dos seus genuínos sentimentos com o único propósito
de ter prazer. Dizem que só erramos
quando temos consciência que aquilo que fazemos é errado. Mas, fecharmos os olhos
para dor alheia, fazermos de conta que
nosso comportamento não causa sofrimento e não assumirmos ter responsabilidade pela
forma como influenciamos a vida das pessoas é uma ingenuidade muito hipócrita. A
unilateralidade acontece quando alimentamos o amor se não temos pretensão de correspondê-lo e
quando deixamos de amar ainda sendo
amados... Neste rumo parece que estamos fadados ao sofrimento. Não, não
estamos. O amor é um fruto e não a semente. Para colhermos o fruto é preciso
cuidados, esforços, dedicação e acima
de tudo saber se livrar das ervas daninhas que surgem pelo caminho. Mas, se apesar de tudo ainda resolvermos tomar da água de
outra cisterna nada mais justo que não ser injusto com a pessoa que é inocente.
Porque pior que a dor da traição é a dor
dela associada a mentira.
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