someone lyke you

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PEQUENO VIÉS





Durante seu percurso para o trabalho, que ele fazia a pé, cumprimentava todo mundo. Ele não fazia distinção de quem por ele passava. Um sorriso, um desejo de bom dia. Nunca tivera nenhum indício de orgulho, de preconceito, assim naturalmente não tinha dificuldades em ser cordial com quem quer que fosse. Era fácil pra ele este comportamento. Mas, nem sempre o é. Tem pessoas que tem dificuldades em olhar com equidade para seu semelhante. Não é uma coisa legal de se falar, mas nosso banco de dados pessoal é repleto de vícios e vicissitudes que fogem da  ação consciente. Por isso não raro somos sobrepujados por um comportamento indesejado. Tem pessoas que julgam pelo traje, assim, se você  não anda  alinhado dentro do perfil que ela espera, bem,  você decai em sua graça. Outros julgam pelo  rosto. A beleza para estes  é essencial. Nem  preciso mencionar  aquelas aberrações (racismo, discriminação social,  xenofobia...) já tão discorridas e nunca solucionadas e que são motivos de tantas distorções. Sobre estes, só resta lamentar e aprender agindo de forma contrária  a quem causa tanta dor aos menos favorecidos.  Em suma, aquilo que fazemos espontaneamente é intuitivo,  é fácil. Nossas dificuldades,  e nossa superação começa quando não vemos com naturalidade determinado comportamento, ação ou conduta. Aí, longe daquilo que identificamos como comum, precisamos fazer mais do que o costumeiro esforço para aceitarmos. Naturalmente que não é só reconhecer sua dificuldade de aceitação, é preciso um enfrentamento pessoal de valores para que mediante situação,  saiba se portar respeitosamente ante aquilo que causa-lhe estranhamento. Para melhor entender pense em alguém que é bom em matemática, você  fica admirado com sua lógica despretensiosa e o admira por isso. Já a pessoa, não consegue entender porque algo que é tão fácil parece ser tão difícil para você.  Citei matemática, mas podemos pensar num atleta que corre 10 km com facilidade e não entende a limitação de  quem se arrasta fazendo 3 km, podemos pensar na intolerância,   podemos pensar nos hábitos irritantes de pessoas próximas,  etc, e nossas reações. Nossas limitações superadas em outro,  causa-nos admiração, e nossos obstáculos que parecem intransponíveis  tornam-se barreiras insuperáveis se não refletirmos com introspecção e desnudamento sobre os motivos de nossos preconceitos inconscientemente instalados em nossa mente.  Existe um ditado bem interessante que pode ajudar a galgarmos sobre nossas limitações: As pedras grandes que  vejo no caminho não são problemas porque as noto e delas desvio. As pequenas que não vejo é que são.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

VAZIO



Procuro  no baú das minhas confidências
Algo que acalme minha consciência
Removendo,  revirando o indeterminado
Aquilo que nem  sei  se foi guardado


Procuro em pensamentos disformes aquiescência
Para sanar minhas divergências
Que nutridas causam este vazio
No coração que é terreno baldio


E cada item do coração retirado
Não satisfaz o coração desesperado
Que  procura  mas que não sabe o que
Se necessidades, vontades ou  prazer.


Eis, que  continuo procurando
O coração desarrumado organizando
Procurando entre tantas incongruências
O achado que traga-me ndulgência.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Leviandade



Leviandade que me intriga
Velha conhecida, bom dia!
Os louros,  que acumulo
Espremem-me no submundo
Já cansei de té-té-té
Favor largar do meu pé.

Nada contra a candura
É que cansei de contraturas.
Estou mal de régua
Já andei mais que mil léguas
Em becos que já passei
Realçando  os erros que já errei.

Não beberei desta água novamente
Vai-se o tempo e faço-me leniente
E o castigo que me fustigou
Foi-se,  nas sombras dissipou
E as advertências do perigo
Surgem com ares lenitivos.

Agora entendes o que são lágrimas de crocodilo?
 Mesmo quando apanhando ainda flerta com o perigo
Soldado bom não apanha no mesmo beco
Diz o ditado que ressoa como eco
Se há uma advertência esquecida...
O prazer não é maior que a vida.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Dor alheia





Outras fronteiras
Talvez eu possa atravessar
Quem sabe.
As vezes basta precisar
Posso me perder quem sabe
Para me encontrar
Chamam destino
Mas são  imprevistos
Que sobrevém no inesperado
Um dia bom  e de súbito, mudado
Não dá pra negociar
A vida arma cada arapuca
E qual remédio para tantos desencantos
Qual remédio para os desenganos
Que inundam as prateleiras dos sonhos
Com prazos vencidos

Um dia o vigor bem azeitado
Noutro,  olhos desmilinguidos
Todos os atributos conquistados
Partirem  sem prévio aviso
Sim, prazos vencidos ...
Sim, Excomungados
Um filho abandonado
Abandonado a própria sorte
Com cheiro de morte
Com requinte de crueldade.
E as lágrimas que com ninguém divide
Sob o solo fazem um convite
Se do solo foste tomado
Ao solo será devolvido.