someone lyke you

domingo, 21 de abril de 2013

Vidas



Onde será que anda a moça do tahine, com seu charme europeu e suas palavras difíceis revelando segredos a mim desconhecidos. Dentre tantas, dela sinto carinho especial porque ela era minha perfeita visão feminina:  encantadora, culta, humorada, sonhadora... E aquela mulher triste? Cujos sonhos a deixaram tanto tempo numa espera interminável e quando eles não vieram ela se tornou amarga, tão amarga.  Talvez se pudesse defini-la num sabor tenho impressão que nem o fel chegaria perto, o absinto seria até docinho.  Não tive muito contado com ela, mas ela me ensinou que se pode passar uma vida inteira entre o disparar e o engatilhar uma arma e  que  entre uma coisa e outra pode haver uma eternidade infindável de tempo.  Ela me trouxe uma pergunta que se recicla perturbatória porque não há dia que não me pergunte por que uma pessoa se sentindo tão pouco amada persevera em continuar a tentar, tentar e tentar. Algumas vezes me pergunto se ela estaria errada, às vezes o sacrifício em prol de alguma coisa maior seja essencialmente o ápice do amor, outras, a critico severamente por sua atitude, a recrimino por esperar tanto tempo para ir em busca da felicidade. Mas será que esta procura individual da felicidade não seria em outro dicionário descrita como egoísmo?
 Flor de Liz, esta sim companheira. Encantadora não definiria nem metade do que ela representou. Ela me tirou tantas vezes da areia movediça e mesmo quando numa festa descrevendo o ambiente, falando de seu sapato novo ou me falando dos seus sentimentos, ela me puxava bravamente  quando eu me atolava naquela massa de areia envolvente. Conheci sabores, inalei  perfumes,visitei  lugares, sorri pueril de situações que não estive fisicamente,  mas pelos olhos dela  estive lá. Flor de Liz expirou  como uma planta com tempo de vida determinado, mas a semente que deixou parece bem arraigada.
A moça dos castelos do norte do Brasil foi-se num relance, mas os castelos ainda permeiam na minha imaginação. Tanta coisa que desconhecemos. Tantas coisas que os olhos deveriam conhecer... Eu me vi andando num passado que não vivi perscrutando coisas que não presenciei, mas a imaginação voa sorrateira e vai solta por solos desconhecidos a esmo,  livre, leve e solta como deveria ser as coisas. Deveríamos ser desprendidos e  não estarmos   aprisionados numa camisa de força do medo, dos complexos, das incertezas, da mesquinharia, egoísmo, dos padrões definidos...das incertezas que nos deixam presos num molde de comportamento.
 Oxente!! Aquela moça empertigada, serelepe,  uma cultura refinada que denotava um berço bem provido que se espelhava pelo brilho da pele e as curvas bem definidas.  Uma candura generosa assim como polida Uma dama jovem e encantadora. Uma flor esfacelada pela traição.  Tomamos  do mesmo veneno e inalávamos o mesmo compadecimento: poros e mente.  O espírito debilitado, rastejando em comunhão recíproca. Assim caminhamos enquanto foi necessário até que no equilíbrio, mergulhamos em outros sonhos.
Tatos e fatos, bicos e redomas, estamos sempre a procura de algo que nos transforme, que nos complete, que nos sacie.. Assim esbarramos em pessoas que acrescentam um pouco do seu tempero.  Em  cada prato apreciamos impar o sabor do que nos é oferecido e viajamos abstratos, concretos e porque não dizer indefinidos? Porque comemos  o que nos é oferecido mas nem sempre apreciamos o que nos  é ofertado.

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