Estes dias
enquanto me dirigia para a pista onde
costumo correr me deparei com uns guris
que atiravam pedra num vespeiro. Imagino
que se a pedra fosse certeira em estaria em maus lençóis, eu
me encaminhava exatamente para onde se localizava o enxame. Como o tiro não fora certeiro, um dos guris acenou
com a mão me alertando do que estavam prestes a fazer. Eu poderia ter me dado mau, pude imaginar
enquanto desviava do itinerário das abelhas
o que aconteceria se entre elas
houvesse eu, um itinerante
desavisado. Certos assuntos são
exatamente assim, as vezes seria melhor
deixá-los quieto. Você pode ter boas
intenções em querer trazer a tona
determinados questionamentos e causar uma efusão catastrófica por palavras
ditas irrefletidamente ou refletidas mas que
pela polêmica e consequências não
deveriam ser ditas. Mexer com um vespeiro nem sempre é uma boa decisão. Certos
assuntos devem ser falados numa conversa
mais pessoal mas nunca escritos.
As palavras são eternas elas ficam ali e podem ser esmiuçadas e saboreadas
prazerosamente ou desprazidas...Alguns assuntos delicados tem a ver com
preferências alheias e muitas destas me fogem da compreensão. E por não entendê-las me pergunto: As coisas que me fogem da compreensão serão
tabus que incuti pelos princípios aprendidos? Serão por acaso indícios de minha
imaturidade e egoísmo? Minhas conveniências? Resultado de um machismo exacerbado? Falta do conhecimento dos fatos? Fico a me
perguntar se o que para mim é tão constrangedor aos olhos dos outros assim o
são. E se o são porque ficamos submissos, temerosos , calados , amofinados,
indignados . Não sei . Nem sempre calar é consentir, só para variar, calar pode
ser não polemizar, não levantar bandeiras, não massacrar a quem acredita num
ponto de vista diferente, a quem viva um modo de vida diferente. Fazer isto pode ser
indigesto porque quando eu jogo pedra num vespeiro é de se esperar que as
abelhas reajam. E pra que polemizar
quando o assunto é tão delicado, tão ambíguo? Não sei, vivemos cheios de tantas incompreensões
e é tão difícil termos clareza em cada um destes questionamentos que realmente
não sei porque certas coisas nos aflige.
Pensei se isto seria uma espécie de seleção natural , a lei do mais forte, mas, será que o mais apto a sobrevivência faria algum sentido aqui? Hoje num mundo onde a igualdade, o estilo de
vida, o prazer , a busca da felicidade é tão decantada de valores que ao falar
neles pode-se causar uma tremenda polêmica que podem custar bem mais do que alguns picadas doídas. Na verdade cada dia que passa sinto que nada tem valor, nem as próprias verdades ditas como absolutas parecem sólidas, parece que mui facilmente somos movidos pelo que queremos acreditar
muito mais do que pelo que realmente é a
verdade. Por outro lado a verdade
liberta de tantos tabus, de tantos hábitos e temores que soa até estranho saber
que existem pessoas que preferem a mentira, como forma de cócegas no ouvido, para não terem que mudar suas atitudes. Neste
sentido minha sensatez é então um dedo
de cuidado para não ir de encontro a um vespeiro
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