someone lyke you

domingo, 23 de dezembro de 2012

Diante da luz as cores vituperam meu ser...





Diante da luz as cores vituperam meu ser
Enfadado tentando absorver
O Escuro que minha alma mostrara
Ando parvo no saber, entorpecido ao ver
O negrume da minha aura

Atiro-me em desalinho
Revendo porque os espinhos
Dilaceram meu coração.
Reclamo aos montes uivantes
Vidas que num instante
São como folhas ao chão.

Queixoso torno-me rude
Não há nada que me adule
Fazendo -me reconsiderar
Destilo   veneno ao vento
Tanta dor e sofrimento
Como pode alguém aturar?

Procuro na luz esperança
Ventura e bonança
No átrio comensal
O cálice do sonho, agora promíscuo
Atina  a dor por ofício
Um gole infecto e venal

Injetei a vida agora
A fantasia foi-se embora
Sobrou o castiçal
Busco a paz, embora sou capaz
De acordar neste instante.

Aos famintos que se foram
Sobraram   reticências
Quantos ainda embarcarão
Vítimas das  quimioindecências
Será que a incoerência
Faz um sonho virar sabão?

Eu urdo com o tempo esvaído
Entre covas e cavados
Estou atrelado
Por aquilo que me permeia
Uma veia, um grito
Um suspiro um gemido
Um ai,ais, o relógio demarcou
O fim da ponte.
A vela que apagou

As histórias que saboreiam
Infinitas recordações
Um  autoretrato,  sinos tocados
Em homenagem a quem deixou
Funesto, o abscesso não cicatrizou

Pra cada vida um ponto
Pra cada ponto uma flor
Pra flor uma semente
Pra cada semente dor


A vida e seus balaios
Fica no ar questionado
Quem corre é socorrido
Quem labuta é compensado
Quem escolhe é protegido
Quem semeia é semeado?


E sobre mentes um tanto discorre
Fatos, tablados , planos, conflitos
A quem muito é ofertado
Tanto será diferido

Soslaio por tantas janelas
O  inculpe sobre o vão
O vão do desmedido, da desilusão
Do sonho interrompido, da constatação
Que o amargo e o contrito
Amarra a camisa ao botão
E  o perjúrio roto, entrementes
Dita que não há mais.
Quando  a fome e  o desejo dão as mãos.

Mas é pura ironia enquanto
Enquanto um deseja o pão
O outro cujo  o cheiro é  bem besuntado
Não lhe apetece não.

As cores vituperam meu ser...
Porque entre rogos e rogados
E difícil a coerência entender.
Se o fio jaz desencapado
Algum desavisado
Irá com ele ter.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Tantas coisas me fogem da compreensão e tantas aceito porque me parecem sensatas



 Estes dias enquanto me dirigia  para a pista onde costumo correr  me deparei com uns guris que atiravam pedra num vespeiro.  Imagino que se a pedra   fosse certeira em estaria em maus lençóis, eu me encaminhava exatamente para onde se localizava o enxame. Como  o tiro não fora certeiro, um dos guris acenou com a mão me alertando do que estavam prestes a fazer.  Eu poderia ter me dado mau, pude imaginar enquanto desviava do itinerário das abelhas  o que aconteceria  se entre elas houvesse eu, um  itinerante desavisado.  Certos assuntos são exatamente assim,  as vezes seria melhor deixá-los quieto.  Você pode ter boas intenções  em querer trazer a tona determinados questionamentos e causar uma efusão catastrófica por palavras ditas irrefletidamente ou refletidas mas que  pela polêmica e  consequências não deveriam ser ditas. Mexer com um vespeiro nem sempre é uma boa decisão. Certos assuntos devem ser falados numa conversa  mais pessoal  mas nunca escritos. As palavras são eternas elas ficam ali e podem ser esmiuçadas e saboreadas prazerosamente ou desprazidas...Alguns assuntos delicados tem a ver com preferências alheias e muitas destas me fogem da compreensão.  E por não entendê-las  me pergunto:  As coisas que me fogem da compreensão serão tabus que incuti pelos princípios aprendidos?  Serão por acaso indícios de minha imaturidade e egoísmo? Minhas conveniências?  Resultado de um machismo exacerbado?  Falta do conhecimento dos fatos? Fico a me perguntar se o que para mim é tão constrangedor aos olhos dos outros assim o são. E se o são porque ficamos submissos, temerosos , calados , amofinados, indignados . Não sei . Nem sempre calar é consentir, só para variar, calar pode ser não polemizar, não levantar bandeiras, não massacrar a quem acredita num ponto de vista diferente, a quem viva um  modo de vida diferente. Fazer isto pode   ser indigesto porque quando eu jogo pedra num vespeiro é de se esperar que as abelhas reajam. E pra que polemizar  quando o assunto é tão delicado, tão ambíguo?   Não sei, vivemos cheios de tantas incompreensões e é tão difícil termos clareza em cada um destes questionamentos que realmente não sei porque certas coisas nos aflige.  Pensei se isto seria uma espécie de seleção natural ,  a lei do mais forte, mas, será que o mais  apto a sobrevivência faria algum sentido aqui?  Hoje num mundo onde a igualdade, o estilo de vida, o prazer , a busca da felicidade é tão decantada de valores que ao falar neles pode-se causar uma tremenda polêmica que podem custar bem mais  do que alguns picadas doídas.  Na verdade cada dia que passa sinto que nada tem valor, nem as próprias verdades ditas como absolutas parecem sólidas, parece que mui facilmente somos movidos pelo que queremos acreditar muito mais do que pelo que  realmente é a verdade.  Por outro lado a verdade liberta de tantos tabus, de tantos hábitos e temores que soa até estranho saber que existem pessoas que preferem a mentira, como forma de cócegas no ouvido,  para não terem que mudar suas atitudes. Neste sentido minha sensatez  é então   um dedo de cuidado para não ir de encontro a um vespeiro

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Enigma da Dor



O enigma da dor
Física ou moral
Que os olhos expressam        
Em  gotas

Quando aperta
Dor visceral
Da alma ou carnal
Jorra

Quando o peito sufoca
E já não suporta
Os olhos despejam
Lágrimas

Quando exibidas
Nos olhos as vê
A dor desprender
Alivio  da alma

Quantos segredos
O peito suporta
Antes que as portas
Das comportas da alma
Sangrem

Extravasam túrbidas
Extravasam rugem
Extravasam consomem
Extravasam límpidas
Extravasam purificam
Extravasam refazem

domingo, 2 de dezembro de 2012

Dia com filha


Era 11 horas  meu celular tocou . Era minha filha.  Pai,-  disse ela,-  o que você vai fazer hoje? .  Limpeza, filha - respondi. Ela então continuou, Pai,   eu  queria ir o shopping . Então falei:  Vamos sim, filha!!  O pai vai arrumar a casa e depois das 16:00, passo aí pra te pegar... Ela concordou. Despedimos-nos e voltei aos meus afazeres.  Depois de 15 minutos o telefone tocou novamente.  Era ela .  Pai,  é que a mãe vai  sair agora      e eu  queria aproveitar . Eu já me organizara para começar a chata faxina. Quis argumentar  tentando manter o horário que havíamos combinado  mas, cedi quando ela falou que me ajudaria na limpeza. Afinal  Quem é que  pode recusar o convite de uma criança ?  E  pensei se não seria perder uma oportunidade imperdível. Não serão muitas vezes  que ela nos seus  7 anos  de vida  se oferecerá para aquele momento único em me ajudar num trabalho chato  e para ir ao shopping. Ela logo chegou. Eu que já estava munido das ferramentas necessárias para limpeza, abracei-a e lhe dei a mangueira para esguichar água enquanto eu esfregava ferozmente o chão impregnado de sujeiras.  Tive a impressão que minha filha novinha ainda não tinha nenhuma intimidade com uma mangueira  e tratei de explicar-lhe o manejo adequado. Ela parecia curtir muito aquele momento,  o que seria um lado avesso ao que eu pensava sobre faxina doméstica embora vez ou outra eu recebesse  um banho de água repentino.  Depois de tudo esfregado era hora de enxaguar e achei mais adequado que eu conduzisse a mangueira. Ela então se encarregou de puxar a água. Acho que foi uma das poucas vezes que achei, digamos, divertido a faxina. Enfim terminamos.  Era hora de nos aprontarmos para o shopping.  Veio-me a mente a frase: Depois do trabalho,  o lazer..  Soou engraçado eu pensar assim. Chegamos no shopping umas  4 horas da tarde.  Aquela muvuca peculiar quando você está com uma criança é bem mais atrativa. Tínhamos o objetivo de irmos a uma livraria comprar um livro e assim o fizemos, mas não antes de entrarmos em várias lojas e experimentar algumas roupas e  olharmos  alguns modelos de óculos que ela anda namorando faz algum tempo. Fiquei besta com a forma que ela imaginava como determinado adorno combinaria com seu vestido roxo, ou com seu vestido rosa. Como aquele sandália cairia bem com sua bolsa .  Descobri que se pode aprender muito com uma criança num lugar que aparentemente se estivesse sozinho só serviria  para comprar. Ah, ia me esquecendo de um episódio. Ao chegarmos passamos pelo MacDonalds e ela quis tomar um sorvete. Aquele me pareceu o melhor sorvete do mundo,  pelo  deleite que ele lhe dava :  Hummm, tá delicio!! Humm, Pai, é o  melhor sorvete que já tomei!  E lambia os  beiços .  Esta calda de morango, está uma delicia..  Fomos a livraria .  Lógico, ela foi direto para seção onde  estavam os livros infantis e onde se pode ler a vontade , se assim desejar. Perdemos um pouco de tempo ali, até que eu já sem paciência pedi para ela escolher o livro. Depois quando íamos embora não pude resistir movido pela propaganda do sorvete tão bem feita por ela, senti uma vontade irresistível de tomar um.  Escolhi um de cacau  e ela por sua vez escolheu três sabores. O cheiro era divino, bem,  o gosto também. .. .. Já era noite quando saímos do shopping,  Nos dirigimos então para o trailer que costumamos comprar lanches.Imaginei por segundos a mãe dela me recriminando pelo tipo de alimentação que ofereço. Ela certamente me passaria um sabão.  Pedi um X frango Egg salada como de costume e ela  seu X salada. Foi um bom dia.
Quando deu 23 horas seu irmão veio buscá-la..Sim foi um ótimo dia. Ai, minha filha! Aquele ser miúdo as vezes faz a vida ter tanto sentido.  O mais interessante que aqueles momentos são mais do que aquelas horas que  vivenciamos porque mesmo depois de muito tempo ainda nutro enorme satisfação das lembranças que me proporcionam.